José Eduardo dos Santos concorre sozinho à sua própria sucessão na liderança do seu partido. A entrega formal da sua candidatura foi feita na passada quinta-feira 30 de Junho.
Your browser doesn’t support HTML5
A candidatura de líder do MPLA é vista por determinados analistas como estratégia para vencer as eleições gerais de 2017, já que a insatisfação dos eleitores é cada vez mais evidente devido a vários factores, alguns dos quais, ligados ao incumprimento de promessas eleitoralistas.
O analista político e docente universitário Agostinho Sikato entende que esta seja uma tática do MPLA para se manter no poder, outro sim, para que a população não perca a esperança.
«O país não tinha se preparado do ponto de vista económico para crise, o que degradou as promessas feitas pelo MPLA. Nesta altura o MPLA está a fazer arranjos, costurando um e outro lado», refere Sikato .
«Vai controlando o fervilhar das águas, vai controlando a movimentação social e vai tentando resolver cada um dos assuntos em função das circunstâncias momentâneas».
Entretanto, o MPLA considera candidatura de José Eduardo dos Santos “a mais acertada”. O vice-presidente do MPLA, Roberto de Almeida, lembrou que a trajectória pelo líder do seu partido, desde os tempos de acção clandestina, partida para o exterior e integração no movimento em luta pela libertação de Angola, “ilustra bem a sua têmpera de nacionalista convicto, combatente decidido e forjado nas dificuldades enfrentadas”.
À luz do processo orgânico do Congresso do MPLA que terá lugar no próximo mês de Agosto, o prazo para formalização de candidaturas continua em aberto. Os estatutos do partido referem que a apresentação de candidaturas aos órgãos individuais e colegiais de direcção no escalão nacional deve ocorrer no período de 15 de Junho a 14 de Julho. Poém, até ao momento nenhum outro membro do partido manifestou interesse em concorrer a liderança.
Para o Jurista Adilson Salvador,Dos Santos, que tem a retirada da vida política activa anunciada para 2018, não deixa transparecer as suas reais intenções sobre o seu futuro, um ano após as eleições. O académico julga que esta seja uma táctica do Presidente da República de Angola para lançar um dos filhos no topo do partido.
«Há muitos cenários que podem ser conbstruídos aqui», disse para mais adiante explicar que «poderão estar ai estratégias muito bem gizadas de formas que numa conjuntura de desconfiança do seu círculo governativo poder pôr o seu lugar quem ele quiser».
A 11 de Março de 2016, o Comité Central do MPLA, na sua XI sessão ordinária considerou José Eduardo dos Santos, fruto da sua visão estratégica e elevada capacidade de liderança como um militante bem preparado e adequado para continuar a dirigir os destinos do MPLA.
Para Agostinho Sikato, docente universitário e analista político, por uma questão estratégica e de cálculo os órgãos centrais do MPLA estão a forçá-lo a manter-se no poder para servir os interesses partidários.
«Já houve ai dois ou três membros do Bureau Político que foram muito claros ao dizer que o presidente não depende de si e, isto poderia ser bem analisado», assegurou.
O analista aponta como exemplo concreto o apoio geral dos membros do partido ao seu líder. Esta obrigação do MPLA à Eduardo dos Santos, na visão de Agostinho Sikato, poderá estender-se à Presidência da República.
«Se foi necessário obrigá-lo, também será possível obrigá-lo a se candidatar em 2017 a Presidente da República», avançou.
Para o historiador e docente universitário Venceslau Alves o facto de nenhum outro membro concorrer à liderança do partido representa a unanimidade no seio da família MPLA.
“Isto pode ser visto na perpectiva de que há unanimidade no querer, porque quando o líder demonstra maturidade, demonstra estratégias o querer é unânime.Pode ser que a nível geral todos os membros o querem ainda como m embro e se assim for não há mnal nenhum neste processo», sublinhou o analista para quem o mesmo pode acontecer com os partidos na oposição.
Futuro do PR não está claro
Para Agostinho Sikato o MPLA “está claro que o MPLA não avança sem José Eduardo dos Santos, nem dos Santos avança sem o MPLA”. O analista entende que o líder dos camaradas seja a “tampa” para os vários interesses do seu partido. «Hoje José Eduardo ainda representa coesão a nível do partido», disse.
Por fim o também docente universatário aponta um leque de estratégias que têm sido usadas pelo partido goverante em Angola para destrair a popualção enquanto se prepara para os grandes desafios políticos.
«Em Abril de 2015 o MPLA tinha começado com um elemento que era o problema do Monte Sumi, que surge em preparação de um outro assunto que era importante naquela altura do ponto de vista estratégico analisar. O MPLA decidiu então passar a responsabilidade do Registo Eleitoral para o MAT e os partidos políticos na oposição no dia seguinte vieram alertar o Executivo que caso deixasse passar a lei pelo parlamento, a oposição não seriam responsável pelo que acontecesse», explocou o politólogo para mais adiante argumentar que «temendo este desiderato, o MPLA calculou e despoletou o Monte Sumi, logo, a lei passa e as pessoas todas estão viradas as suas atenções para o Monte Sumi».