Angola gasta anualmente milhares de milhões de dólares a pagar a sua dívida

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Agência Fitch diz, contudo, que a situação da dívida está a melhorar.

Angola gasta anualmente milhares de milhões de dólares no pagamento de dívidas, revelou a agência de notação financeira Fitch. A boa notícia é que o rácio da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) deverá descer.

Segundo a Fitch, Angola deverá gastar no próximo ano 6.200 milhões de dólares no pagamento de dívidas externas, diminuindo em 2026 para 5.400 milhões de dólares, o mesmo que este ano.

Angola continuou empenhada no reembolso da dívida e os reembolsos líquidos acumulados do capital da dívida externa ascenderam a 1.700 milhões de dólares durante janeiro-setembro de 2024, após reembolsos líquidos já significativos de 1.600 milhões de dólares em 2023.

De acordo com a agência, o rácio dívida pública/PIB vai continuar a melhorar e deverá descer para 63,9% do Produto Interno Bruto no final de 2024 e para 58,6% em 2026, face aos 73,7% no final de 2023,

Os analistas esperam também que uma descida significativa das amortizações internacionais alivie alguma pressão sobre as necessidades de financiamento do governo.

A Fitch considera que as perspectivas financeiras do país são estáveis com um rating de B- e diz que Angola deverá continuar a registar excedentes decorrentes de 6,0% do PIB em 2024 e de 1,3% em 2025.

Os analistas afirmam que o aumento do excedente em 2024 refletirá receitas de exportação de petróleo mais elevadas devido à estabilidade dos Preços do Brent – cuja média é de 80 USD por barril, assim como maior produção, bem como uma contracção nas importações impulsionada pela escassez de divisas e pelo enfraquecimento do kwanza.

O menor excedente em 2025 reflete, principalmente, a expectativa de menores receitas de exportação de petróleo, devido aos preços médios mais baixos do Brent, que abrandaram para 70 dólares.

Contudo, Angola regista uma forte reserva cambial. A agência diz que Angola deverá manter fortes reservas internacionais, devendo atingir até ao final do ano 15.200 milhões de dólares, cobrindo 5,7 meses dos pagamentos externos correntes do país.

Os analistas esperam que as reservas caiam para 14.500 milhões de dólares entre 2025 e 2026, devido aos excedentes mais estreitos da balança corrente e aos ainda fortes reembolsos líquidos da dívida pública.

Em 2025, os analistas esperam que o crescimento económico abrande para 2,2%.

Os analistas da Fitch estão expectáveis que a inflação atinja uma média de 28,0% este ano, impulsionada pela depreciação do kwanza e pelos aumentos dos preços dos combustíveis.