Filhos de antigos presos políticos angolanos na cadeia de São Nicolau, província do Namibe, manifestam descontentamento por terem deixado de receber as pensões que vinham auferindo há vários anos, devido a alegadas complicações com as idades para o estatuto de antigo combatente.
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Em resposta a esta medida do Ministério da Defesa, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, que deixa centenas sem pensões desde Janeiro, ex-pensionistas de Benguela formaram uma frente para pressionar as autoridades face ao que chamam de corte de um direito adquirido.
Manuel Afonso Simba, que esteve no desterro de São Nicolau, hoje cadeia do Bentiaba, não concorda com os argumentos das autoridades angolanas.
“Alegaram que nós não tínhamos idades para antigos combatentes, mas sim os antigos combatentes foram os nossos pais”, disse.
Mas Simba fez notar que “ao sermos deportados para o desterro, a ideia do colono era levar também os filhos, não tínhamos guia de saída, por isso ficámos lá presos esses 9 anos”.
“O que se alega é que os abrangidos são apenas os que têm 58 para baixo, nós que somos da leva de 60 nos foi retirado”, disse Manuel Simba acrescentando ainda que “muitos assistiram os pais a morrer, viram o sofrimento”.
“Temos documentos que justificam que não foi brincadeira, guias de soltura de São Nicolau”, acrescentou.
Manuel, filho do nacionalista Afonso Simba, faz parte, por Benguela, de um grupo que pede bom senso às autoridades angolanas.
Na sua justificação, o ministro João Ernesto dos Santos “Liberdade” disse que a retirada de alguns pensionistas do sistema resulta do cumprimento de um decreto-lei que visa aferir a idade de um antigo combatente, viúva e órfão.
O governante, que falava na sequência do anúncio do aumento do valor da pensão, actualmente fixada em 23 mil kwanzas, cerca de 20 dólares, falou em falta de provas documentais e outros pressupostos.
Outro desafio assumido pelo Ministério da Defesa, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria é a identificação e retirada dos falsos pensionistas, vulgarmente chamados de fantasmas.
A propósito, a VOA ouviu o antigo combatente Pedro Nambi e alguns colegas seus, que culparam o departamento ministerial e pediram celeridade no aumento das pensões em função do custo de vida.
“Quem meteu estes falsos foram mesmo eles, e hoje para cortar … têm de lhes perguntar porquê que ele parou nos Antigos Combatentes”, disse.
No país, o Ministério tem no seu registo 66 mil pensionistas, entre antigos combatentes, deficientes de guerra e viúvas.