Angola Fala Só - Mona dya Kidi: "A minha crença não está nos políticos, está na população"

Mona dya Kidi, rapper e empreendedor social

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28 Dez 2018 AFS - Mona dya Kidi: A minha crença não está nos políticos, está na população"

Fomentar a auto-capacitação é a luta em que todos os angolanos se devem concentrar, disse o “rapper” e empreendedor social, Mona Dya Kidi.

Falando no programa “Angola Fala Só” o artista clarificou que o empreendedorismo social não visa o lucro como o empreendedorismo comercial mas sim capacitar sectores da população nas diversas áreas sociais e económicas.

Isso pode envolver meios para se promover o emprego ou formação nas comunidades.

A este respeito fez notar que em Angola não é possível obter financiamentos facilmente pelo que as comunidades devem buscar meios para obter rendimentos e transformar a própria comunidade.

Mona Dya Kidi disse a este propósito durante o programa que mesmo no sector económico os angolanos “não se devem limitar às pessoas políticas”.

“Devemos apostar na auto-capacitação”, disse o artista para quem os angolanos “não se devem limitar às promessas politicas mas sim buscar outras alternativas”.

O activista deu como exemplo a possibilidade de se buscar alternativas a financiamentos “que não venham da banca tradicional”.

“É possível identificarmos isso no seio familiar ou no seio da comunidade”, acrescentou.

Interrogado sobre a governação do novo presidente João Lourenço, o artista disse que o chefe de estado “tem surpreendido pela positiva em muitos capítulos”.

“Ele conseguiu levar uma nova imagem de Angola para o exterior”, afirmou Mona Dya Kidi para quem “essa imagem é uma imagem de vontade de mudança”.

Essa vontade, acrescentou, está evidente “na abertura que ele faz com alguns grupos de pressão” como exemplificado no encontro em que teve com Organizações Não Governamentais “que não tinham essa oportunidade no governo passado”.

“Temos que o apoiar porque o caminho é esse”, acrescentou, frisando que “há ainda muito trabalho a fazer e ele sozinho não vai consegui-lo”.

O “rapper” disse ser claro para todos que “o MPLA está dividido” pois “nem todos estão preparados” para um novo rumo que não o da “desordem e vê isso como uma ameaça”.

“A sociedade está mais aberta mas o trabalho não acabou e agora é que preciso intensificar a pressão”, acrescentou.

Mona Dya Kidi sublinhou no programa a importância das pessoas se inspirarem nos exemplos de indivíduos como Nelson Mandela, Martin Luther King e angolanos como Pio Wakussanga e Rafael Marques.

Contudo sublinhou que “a minha crença não está nos políticos, está nas populações”.

Interrogado sobre programas anteriores do governo de apoio aos jovens incentivando o empreendedorismo, Mona Dya Kidi disse que “o estado tem que parar de tentar ser o protagonista na gestão desse tipo de iniciativa porque já demonstrou a sua incompetência”.

“Eu acredito que o estado deve agir apenas como facilitador e regulador”, disse.

“O estado pode ter a iniciativa mas é importante descentralizar e deixar que seja o sector privado, outras organizações a fazerem melhor gestão disso”, acrescentou Mona Dya Kidi para quem a burocracia estatal “ mata as iniciativas”.

No que diz respeito à sua música o rapper diz que não se vê a fazer uma fusão “com outros estilos musicais que não sejam o reggae”.

“Mas isso não significa que não possamos trabalhar para o engrandecimento da cultura”, disse.

“O intercâmbio cultural é sempre bem-vindo independentemente do estilo”, acrescentou.

Mona Dya Kidi disse estar concentrado neste momento em fazer música para as crianças tendo criado um estúdio em sua casa para esse propósito.