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O activista de direitos cívicos de Cabinda José Marcos Mavungo defendeu o direito do povo de resistência e afirmou ser hora de “dizer um basta à democracia” em Angola.
Ao participar como convidado do programa Angola Fala Só nesta sexta-feira, 17, Mavungo reiterou o direito à autodeterminação de Cabinda, como estipula as convenções internacionais que a própria Angola ratificou e lembrou que “a comunidade internacional não pode opor-se à vontade do povo de Cabinda”.
No diálogo com ouvintes e internautas, aquele activista, que esteve preso durante quase um ano, fez uma visita pelos diversos governos provinciais que, segundo ele, “roubaram, torturaram, deram armas aos jovens para atirar uns contra outros”.
Marcos Mavungo apontou o dedo, por exemplo, à anterior governadora, Aldina da Lomba Catembo, que “agora representa Cabinda no Parlamento, mas a quem ela vai representar e que interesses”.
"Associação de malfeitores"
Tanto Catembo como o actual governador Eugénio Laborinho, diz aquele activista, fazem parte “de uma associação de criminosos que dirige Angola há 43 anos” e que, ”paradoxalmente, transformou uma terra rica num país pobre, “em que 70 por cento dos cidadãos são pobres”.
Em Cabinda, sublinha Mavungo, “continua um regime colonial, o actual governador funciona como colono”, com todo o tipo de violações de direitos humanos e falta de segurança, “principalmente no interior.
Instado a comentar a absolvição de 13 activistas pelo tribunal, Mavungo destacou a “coragem do juiz Wilson que resistiu a todas as pressões” e espera que a absolvição “não seja apenas parte da campanha de lavagem da imagem do Governo que criou uma comissão para tal”.
A sentença, acrescentou, “mostra também que a população está submetida a um Estado de tipo feudal”.
Ele denunciou que, durante o tempo em que estiveram na prisão, os activistas foram maltratados, tendo um deles sido espancado, enquanto outro teve o olho furado, “por parte dos presos a mando do director do SIC (Serviço de Informação Criminal)”.
Quanto à integração do padre Casimino Congo no Governo provincial como secretário da Educação, em resposta a um internauta, Mavungo disse respeitar a decisão, mas que, do seu ponto de vista, “não viu nenhum mudança ainda”.
No entanto, “a pergunta deve ser dirigida ao padre Congo”.
Ao participar no programa, um internauta acusou alguns activistas, entre eles os 13 promotores do Movimento Independentista de Cabinda, de serem oportunistas, tendo Mavungo afirmado que “é um tipo de acusações feitas a grandes independentistas que foram chamados de terroristas, como Agostinho Neto, Jonas Savimbi e o próprio Nélson Mandela.
José Marcos Mavungo, que reconheceu haver traidores desde o tempo de Jesus, “como Judas” e também entre os actvistas, admitiu ser salutar por ser parte do processo histórico de luta pelas autonomias.
“Em Cabinda sempre houve diversidade de opiniões e não há nenhum problema, é normal”, respondeu o activista.
“Basta de ditadura”
Questionado se a instalação das autarquias responderá aos anseios dos cabindas, José Marcos Mavungo foi peremptório ao dizer que “nem em Cabinda nem em nenhum lugar” porque o processo está feito para que o MPLA “continue a dominar”.
É por isso, sustenta Mavungo, que “não há água, não há energia, não há estradas, nem escolas” em resposta a perguntas de ouvintes e internautas de outras províncias.
“Há que dizer um basta à ditadura que existe em Angola há 40 anos e para tal devemos recorrer ao direito à resistência, que assiste a todo o cidadão sempre que os seus direitos são violados”, defendeu Mavungo que pediu a união da oposição no caso das autarquias.
“A oposição, activistas, personalidades devem unir-se para boicotar as autárquicas porque não vão resolver os problemas de Angola”, pediu aquele activista, indicando que, no caso de Cabinda, “não haverá mudanças porque se houver mudanças haverá democracia”.
No programa, Mavungo criticou também a “governação Eduardista que roubou o Estado” e agora, com a lei do repatriamento de capital “apenas legitima esse roubo”.
Em relação ao Presidente João Lourenço, ele considera que tem vontade mas que não consegue fazer muito por “estar contaminado pelo MPLA que não lhe permitirá fazer mudanças”.
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