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Com João Lourenço está “aberto um espaço” que as organizações da sociedade civil precisam ocupar, disse José Patrocínio, da organização não governamental, OMUNGA.
Ao participar no programa “Angola Fala Só”, Patrocínio comentou o encontro que o Presidente manteve nesta semana com representantes de organizações não governamentais, que para ele foi um acto simbólico de uma nova atitude da Presidência.
“O ambiente da reunião foi bastante aberto e em momento algum João Lourenço interrompeu, mostrando-se sempre interessado e parecendo de acordo aquilo que nos íamos expondo”, sustentou Patrocínio que pensou “tratar-se de uma brincadeira” quando recebeu o convite.
No encontro, Lourenço pediu aos presentes que lhe enviem relatórios e informações “sobre aquilo que gostaríamos que fosse analisado pela Presidência”.
Para José Patrocínio, o encontro foi a criação “de um espaço através do diálogo”
"Um reconhecimento da própria sociedade civil” com organizações que “têm trabalhado na área dos direitos humanos” e noutras áreas importantes pra a construção da democracia, na óptica daquele activista
O encontro, acrescentou, “deve-se muito ao trabalho e perseverança dessas organizações e do trabalho que têm desenvolvido”, o que "possivelmente criou um contexto que permite agora a João Lourenço fazer determinadas mudanças”.
Interrogado sobre se pensa que vai haver mudanças reais, José Patrocínio é de opinião que “está aberto um espaço e vai depender da nossa capacidade, da nossa criatividade ocupar esse próprio espaço”.
O papel de organizações como a OMUNGA é “contribuir cada vez mais e melhor de forma a que esse espaço não volte a ser limitado”.
“Está na mão não só das organizações mas também do cidadão participar num processo democrático no país”, sublinhou o responsável da OMUNGA.
Para Patrocínio, um dos objectivos do encontro foi também “demonstrar a quem se opõe dentro do sistema que ele conta com a sociedade civil para a fiscalização”.
Do encontro aquele activista concluiu que as organizações da sociedade civil serão “uma importante fonte de informação fora do sistema”.
Patrocínio afirmou mais à frente que em Angola “a maioria dos cidadãos sente-se como sendo cidadãos de segunda classe e como não sentem que pertencem têm pouco respeito pelas instituições e pelo património”.
“Para se resgatar valores deve iniciar-se um processo que leve à participação do cidadão”, afirmou.
José Patrocínio revelou que João Lourenço informou que no próximo ano vai dar prioridade à reconciliação nacional, pelo que é de se prever que questões como os crimes cometidos a 27 de Maio de 1977 e outros sejam abordados para “se falar do passado de modo a ir-se par ao futuro sem fantasmas”
O líder da OMUNGA sublinhou que “vai haver muitas dificuldades” principalmente a nível económico, embora o Orçamento Geral do Estado para 2019 indique já uma maior atenção ao sector social.
Contudo, disse, há uma mudança de atitude.
“Não há criminalização do pensamento”, concluiu José Patrocínio.