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As populações da Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico vivem numa situação “péssima e de extrema pobreza”, disse o jornalista e activistas da Lundas, Guilherme Martins.
Ao participar no programa “Angola Fala Só”, afirmou que, se até 2002 a guerra impedia a melhoria das populações nestas zonas do interior, “16 anos após a paz de 2002, nada mudou”.
“A injustiça social é uma realidade”, acrescentou o jornalista, indicando que para chamar a atenção desta situação foi criada a associação cívica Akwa Mana (Os Sábios) que, contudo, tem deparado com enromes dificuldades burocráticas para o seu reconhecimento.
Quanto à situação nas Lundas, Guilherme Martins adiantou que, apesar de dois dos maiores depósitos de diamantes estarem ali situados na região, este facto "não tem quaisquer reflexos na vida das populações”.
As infraestruturas do sistema de saúde são os mesmos da era colonial e em ruínas.
“O tecto do Hospital do Dundo foi levado pelas chuvas”, enquanto no Hospital de Saurimo as fissuras nas paredes permitem a “quem está dentro, ver as ruas”, revelou Martins, lembrando que os passeios nas cidades deixaram em muitos casos de existir, obrigando as pessoas a andarem no asfalto.
Guilherme Martins afirmou que uma manifestação prevista para este fim-de-semana no Saurimo foi adiada depois de o governador prometer que o Governo irá aumentar as despesas previstas no Orçamento Geral do Estado para a Lunda Sul.
No entanto, a Lunda Sul é a província que menos fundos recebe com 36 mil milhões de kwanzas.
“Isso é uma injustiça à vista de todos”, declarou Martins, acrescentando que “há províncias que nem com água da chuva contribuem para o orçamento e que têm mais de 100 mil milhões de kwanzas”.
Durante o programa aquele actista que são as injustiças que levam pessoas a reivindicarem a autonomia mas para ele “este país chama-se Angola” e “o leste também é Angola”.
“O que queremos é fim das injustiças”, assegurou Guilherme Martins, para quem “Angola é una e indivisível”.
Martins minimizou a influência na região do Movimento do Protectorado da Lunda Tchockwe que luta pela autonomia da região e criticou a sua liderança por organizar manifestações “por encomenda”, mesmo não estando no terreno para as liderar.
O activista defendeu por várias vezes as operações Transparência e Resgate como necessárias para se restabelecer a ordem e todos os ouvintes que entraram em contacto com o programa deram o seu apoio á expulsão dos imigrantes ilegais.
“A Operação Transparência tem o apoio das populações locais”, disse afirmando ainda que a presença de milhares de estrangeiros na região “piorou ainda mais as condições de vida” da população local.
Guilherme Martins negou que na Lunda Sul tivesse morrido alguém durante a Operação Transparência e defendeu também a Operação Resgate como tendo consequências positivas para os angolanos.
“Só não vê quem não quer ver”, afirmou, embora tenha reconhecido que possa haver aspectos dessas operações que podem ser melhorados.
Guilherme Martins deu o seu apoio também à luta anti-corrupção levada a cabo pelo Presidente João Lourenço e apelou ao apoio da população a esse combate.
“Um dedo sózinho não caça piolhos”, concluiu.