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A constituição de Angola está suspensa em Cabinda, disse Alexandre Kuanda Nsitu, coordenador da Associação Cultural e de Desenvolvimento e dos Direitos Humanos de Cabinda.
Kuanda Nsitu falava no programa “Angola Fala Só” em que começou por falar da recente decisão das autoridades de Cabinda de proibirem manifestações em dois fins-de-semana seguidos.
A primeira manifestação contra o desemprego realizou-se em diversas cidades angolanas, mas em Cabinda foi reprimida e activistas foram presos embora fossem soltos posteriormente.
A segunda manifestação, no passado fim-de-semana, para assinalar o Dia Mundial dos Direitos Humanos também foi reprimida pela polícia e Kuanda Nsitu foi um dos activistas detidos.
Nsitu disse que ele e outros foram agredidos e espancados pela polícia e fez notar que embora as manifestações contra o desemprego tenham sido permitidas em várias cidades angolanas o mesmo não aconteceu em Cabinda
“A constituição está suspensa em Cabinda”, disse o activista para quem a governação de João Lourenço deu sinais de mudança em Angola, mas não em Cabinda.
“Em Cabinda João Lourenço está a seguir os mesmos passos que José Eduardo dos Santos”, disse. “A abertura não se e faz sentir em Cabinda”.
O activista disse que a sua associação aguarda há cerca de três anos pelo deferimento do seu pedido de legalização, mas sem qualquer resposta.
Interrogado sobre as razões porque as autoridades proíbem manifestações no território, Alexandre Kuanga Nistu disse que elas temem que as mesmas possam resultar “num levantamento popular”.
As autoridades “têm medo” dessa possibilidade, disse.
O activista disse não haver dúvidas que a população de Cabinda apoia a autodeterminação, pelo que compete ao governo angolano reconhecer esse direito para que as modalidades dessa autodeterminação possam ser negociadas.
Interrogado sobre as actividades da FLEC o movimento que leva a cabo uma luta armada de pequena intensidade no enclave, Nsitu disse que o movimento reflecte aquilo que o povo do território deseja.
“A FLEC é um ideal que vive no povo de Cabinda”, disse. Mas sublinhou que internamente há agora organizações que lutam pelo mesmo objectivo.
O coordenador da Associação Cultural e de Desenvolvimento e dos Direitos Humanos de Cabinda rejeitou a acusação de que é a riqueza do petróleo que faz com haja uma luta pela independência do território.
A FLEC, disse, foi fundada em 1963, muito antes do petróleo ter qualquer impacto no território.