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O povo angolano e a imprensa internacional foram “seduzidos pela falsa intenção” do presidente João Lourenço, disse no programa “Angola Fala Só” o activista Osvaldo Caholo.
Caholo, professor universitário e antigo tenente das forças armadas angolanas, respondeu à perguntas sobre temas ligados à actual situação política em Angola tendo manifestado ceticismo quanto a uma mudança no tipo de governação de Angola.
Caholo fez parte do chamado processo dos “15 + 2” em que activistas foram acusados de tentativa de golpe de Estado. Como resultado desse processo Osvaldo Caholo foi também indiciado por um tribunal militar, mas mais tarde passado compulsivamente à reserva.
Interrogado sobre se durante esse processo tinha tido manifestações de solidariedade, Caholo disse que “o medo corroeu muito a sociedade angolana” e ainda hoje as pessoas têm medo de se verem associadas a ele.
Falando sobre a governação do novo presidente, o activista disse que este Governo “começa mal” com a lei de repatriamento de capitais que ele considerou como uma tentativa de se “fazer uma lavagem de dinheiro roubado” que deveria ter sido usado para benefício do povo angolano.
João Lourenço é “um remendo novo num tecido velho”, disse.
“Pode tapar um furo mas o tecido volta a rasgar noutro local”, acrescentou afirmando ainda que o Governo de João Lourenço não teve ainda a coragem de admitir que “estamos falidos”.
“Eduardo dos Santos deixou um país falido”, acrescentou acusando ainda o antigo Presidente de estar agora a tentar colocar a sua filha, Isabel dos Santos, à frente dos negócios do MPLA com o objectivo de poder controlar o actual Presidente.
Interrogado sobre o recente anúncio de que jornalistas vão ser julgados por alegada difamação do antigo procurador-geral da República, Osvaldo Caholo afirmou que “a perseguição de jornalistas não é nada de novo”.
Em Angola, disse “não há direito à informação”.
“O partido no poder comporta-se como uma criança birrenta em que toda a crítica é uma ofensa”, disse, acrescentando que o governo “usa os tribunais para intimidar os jornalistas”.
“Isso é feio”, acrescentou.
Para Osvaldo Caholo não se pode falar de eleições autárquicas “sem a despartidarização” do Estado, afirmando ainda que na sua opinião as autárquicas vão "ficar como algo distante”, uma “miragem de que se fala de tempos em tempos e depois fica no esquecimento”.
O activista e professor universitário disse ainda que todas as eleições realizadas até agora foram fraudulentas, mas foram aceites “em nome da estabilidade”.
Para o povo contudo, sem água, electricidade, serviços de saúde e medicamentos “não há estabilidade”.