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O músico angolano MCK criticou asperamente a recente decisão das autoridades de proibir dois dos seus espetáculos e afirmou que ela não serve os interesses do próprio Governo.
“Isso só dá maior credibilidade às críticas que são feitas sobre a falta de liberdade de expressão no país”, disse o rapper, num programa muito concorrido quer pelo telefone quer pelas redes sociai e no qual reiterou que as proibições foram decididas “por ordem superior”.
“Ordem superior não é lei em Angola”, continuou o músico que reiterou que as casas de espectáculo que cancelaram os seus shows terão que indemnizar os músicos envolvidos.
Ele explicou que tentativas de resolver a situação sem recorrer ao sistema judicial não tiveram até resultado pelo que vai avançar com acções judiciais.
Durante o programa, MCK foi interrogado sobre a situação política do país às que respondeu não ter “muitas expectativas” nas eleições de 2017.
“Ditaduras também fazem eleições”, sublinhou o rapper para quem a mudança em Angola surgirá com “a mudança na consciência dos angolanos”.
MCK afirmou, no entanto, que tem sempre votado nas eleições e sempre pela mudança.
“Temos um Presidente no poder há 37 anos e um partido no poder há 41 anos, o que não é normal”, afirmou, pelo que “leio os programas de todos os partidos e voto pela mudança”.
Entretanto, o músico considera que não se deve reduzir a mudança em Angola apenas “à vida política partidária”.
A participação na vida cívica e, no seu caso, na música são também exemplos de participação a favor de mudanças, afirmou.
Interrogado sobre a anunciada saída do Presidente José Eduardo dos Santos da cena política angolana, MCK limitou-se a afirmar: “vou esperar que ele saia e só depois é que vou ter uma opinião”.
Na conversa, ele fez notar que o que se passa é apenas “uma sucessão partidária”.
Noutro momento da conversa com ouvintes e internautas da VOA, o rapper admitiu que não fica satisfeito com o uso da sua música por forças políticas.
“Eu agradecia que a minha música não fosse associada a campanhas eleitorais”, afirmou MCK, para quem, noutro tema da conversa, disse que “a corrupção é dos piores dos males” que afligem o país.
“Antes da crise económica já havia uma crise moral”, sublinhou, acrescentando que o melhor meio de combater a corrupção é denunciá-la.
Contudo, afirmou, tem que haver responsabilização dos autores da corrupção, embora em Angola, segundo ele, nunca tal aconteceu.
Quanto à sua carreira, o músico confirmou que no próximo ano vai lançar um novo álbum com o nome “Valores” que passa uma mensagem forte por uma “Angola melhor e diferente”.
O álbum será lançado no Brasil, Portugal e Angola.
MCK reiterou que a coragem para continuar com o seu tipo de música contestatária vem precisamente do facto de querer “ver o país melhorar”.
“O meu sonho é contribuir para uma Angola melhor”, concluiu o convidado do programa Angola Fala Só.