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Não há vontade política par resolver a questão da “gasosa” nas matrículas escolares ,disse Francisco Teixeira, do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA).
Teixeira, responsável pelo sector de comunicação do MEA, foi o convidado do programa “Angola Fala Só” nesta sexta-feira, 26, em que manifestou-se também “chocado” e “decepcionado” pelo facto de uma marcha de estudantes para protestar contra essa prática tenha sido impedida pela polícia em Luanda.
Um manifestante ficou ferido quando a polícia usou da força para dispersar os manifestantes.
O MEA tinha manifestado o seu optimismo de que na nova era de governação de João Lourenço a marcha não seria impedida.
Os organizadores informaram a polícia das suas intenções e não receberam qualquer informação das autoridades proibindo a mesma.
“Fiquei decepcionado porque pensava que agora tínhamos outro tipo de polícia, uma polícia republicana”, disse Francisco Teixeira, quem acusou o actual Presidente angolano, João Lourenço, de ter mentido ao povo pois o Orçamento Geral do Estado continua a não dar prioridade à agricultura e sectores sociais, como havia prometido.
O activista, que é também psicólogo, deu durante o programa pormenores da “gasosa” nas escolas de Luanda.
“As vagas são comercializadas ao ar livre, a olho nu”, disse, frisando que “não há capacidade de controlo” por parte das autoridades.
Os preços vão de 50 mil a 300 mil kwanzas e na angariação desses subornos estão envolvidos directores, professores e pessoal administrativo das escolas.
“É uma mafia que controla o processo”, denunciou o Teixeira, adiantando que “ninguém a nível do Governo consegue puxar as orelhas aos directores”.
Ao mesmo tempo, o represente do MEA disse que “há falta de vontade política” para resolver o problema e mesmo de melhorar o ensino porque os filhos dos dirigentes estudam no estrangeiro.
Para Teixeira há mesmo interesse em manter o mau estado do ensino que Angola tem para que “não se criem exigências”.
Interrogado sobre se podia prever Angola fora da lista dos 10 piores países africanos em termos de educação, o activista afirmou duvidar que isso possa acontecer “com estes governantes”.
Teixeira saudou, no entant,o as autoridades por terem sido até agora “implacáveis” em combater a corrupção sexual nas escolas em que professores passam alunas de ano em troca de favores sexuais.
“Nesses casos temos que aplaudir”, afirmou.
O representante do MEA disse ainda durante o programa que, embora haja contactos entre a sua organização e o Governo, este não leva em atenção as propostas da organização.
“Está tudo partidarizado”, resumiu Teixeira para quem organizações como a JMPLA ligadas ao Governo “têm sempre apoio e privilégios”.
A este respeito fez notar que a organização já entregou cinco vezes uma proposta de criação de um passe de estudante que foi sempre ignorada.
Francisco Teixeira avisou que mais manifestações serão organizadas se o Governo continuar a ignorar os problemas que afectam os estudantes angolanos.