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A sociedade angolana no seu todo não está preparada para integrar pessoas com limitações e não há sensibilidade para este fenómeno.
A declaração é de Adão Ramos, membro da Plataforma para a Inclusão, que organiza a Caminhada pela Acessibilidade neste sábado, 22, em Luanda, no programa Angola Fala Só da VOA.
Apesar de o Governo ter feito aprovar a lei da inclusão em Junho de 2016, “nada foi feito desde então, nem ao nível da sensibilização da sociedade, nem por parte do Executivo, nem dos deputados e nem dos empresários”.
Da mesmo forma, explicou Ramos, não é respeitada a legislação que estipula que quatro por cento dos funcionários contratados seja de pessoas com limitações e dois por cento por parte das empresas privadas.
“Ninguém respeita essa lei”, disse Adão Ramos que justifica esta postura com o facto de “as estruturas de decisão, a todos os níveis, não terem pessoas com limitações, que conheçam as dificuldades que enfrentamos no dia a dia”.
Durante o programa, os ouvintes ligaram a lamentar essa “falta de sensibilidade”, que, para alguns, deve partir da educação das famílias, porque muitas escondem os filhos com deficiência.
Em resposta, Adão Ramos falou sobre o seu caso pessoal em que enfrentou “muitas dificuldades para estudar e sair de casa devido à violência nas ruas”.
“As famílias, na sua grande maioria, protegem os filhos com limitações porque são vítimas da violência, discriminação, abusos, troça, além de que não conseguem se locomover nas estradas, nos edifícios, realidade que entendo embora não apoie essa protecção”, explicou Ramos.
Como pediram alguns ouvintes, que lamentaram que “as organizações confundam Luanda como Angola”, Adão Ramos prometeu que a sua organização irá realizar actividades fora da capital, mas advertiu “que enfrenta muitas dificuldades financeiras e de locomoção por falta de apoios”.
Aquele activista pela integração admite haver um longo caminho por percorrer até que a sociedade angolana entenda e tenha sensibilidade pelo fenómeno, mas garante que “vontade não falta e tudo iremos fazer para provocar essa mudança de mentalidade”.
Apesar da falta de recursos, Ramos disse que a sua organização tem vindo a “desenvolver contactos junto de responsáveis dos ministérios e de entidades visando começar a colocar a questão da integração na agenda”.
A Caminhada pela Acessibilidade, organizada pela Plataforma pela Integração, tem início amanhã às 10 horas a partir do Cemitério de Santana, em Luanda, com destino ao largo das Heroínas.