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Eduardo Peres Alberto, secretário dos Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Angola (SINPES), criticou asperamente o ministério de educação, que acusou de irresponsabilidade, incapacidade e hipocrisia.
Peres Alberto, que falava no programa “Angola Fala Só” , reafirmou a intenção dos sindicatos ligados à educação lançarem uma greve nacional para forçar as autoridades a ouvirem as suas reivindicações.
Os sindicatos envolvidos nos preparativos para a greve são o SINPES, o Sindicato dos Professores (SINPROF) e o SENPTENU, que engloba professores e trabalhadores não docentes.
O dirigente do SINPES diz que vão decorrer nas próximas semanas assembleias dos professores e trabalhadores para se decidir na greve que a confirmar-se poderá paralisar todo o ensino em Angola.
“Tem de haver valorização dos quadros”, disse Peres Alberto, que prometeu que os sindicatos vão lutar “até às últimas consequências”.
“Só podemos ser um país sério com educação séria e de qualidade”, acrescentou.
O dirigente sindical apelou para que “quem vier ganhar as eleições aposte na valorização do sector da educação”.
“Não podemos falar de desenvolvimento sustentável se de facto não trabalharmos na melhoria do sector de educação”, disse o sindicalista que frisou que a falta de condições de trabalho “está na base” de todos os problemas que o sector de educação vive.
O sindicalista e também professor universitário especificou quatro pontos que a sua organização revindica: aumento salarial, condições de trabalho, assistência médica e seguros de saúde, e instituição de crédito para os professores poderem adquirir viaturas e habitação.
Eduardo Peres de Carvalho acusou “a direcção” do Ministério de Educação Superior de ser incapaz “de levar as preocupações do sector para o titular do poder executivo”.
“A nossa relação com o ministério é abismal”, disse Peres Alberto para quem o ministro da tutela tem “uma actuação demagógica” e “uma direcção pouco séria”.
O sindicalista acusou o ministro Adão dos Nacimento de “ter medo e ter vergonha de ouvir os reais problemas”.
“É com a verdade que podemos resolver os nossos problemas”, acrescentou.
Durante o programa o sindicalista criticou também a prática de se forçar estudantes e professores, particularmente do ensino secundário a participarem em actividades partidárias que “prejudicam o aproveitamento dos alunos”.
“É condenável”, disse, acrescentando que que nas escolas “é necessário que haja o princípio de imparcialidade”.
Eduardo Peres Alberto abordou também a pedido de um ouvinte “o problema sério” de professores estrangeiros afirmando que Angola “não tem um problema de quadros nacionais”.
“Angola tem quadros que podem substituir os professores estrangeiros mas infelizmente os estrangeiros são mais valorizados em detrimento dos nacionais”, disse.
Interrogado sobre a falta de qualidade de ensino a nível primário e secundário , Peres Alberto disse que o problema “foi agudizado fundamentalmente pela reforma que foi introduzida sobretudo no sistema do ensino primário”.
“Foi uma reforma ineficiente”, disse, mas acrescentou que há também uma grande “desmotivação” dos professores devido aos baixos salários e fracas condições.
“A falta de condições de trabalho e de vida está na base de tudo isto”, afirmou.
Para o sindicalista as ações dos sindicatos do sector de saúde deverão servir também para uma maior consciencialização do público dos problemas sobre o sector da educação.
“Penso que se houvesse essa consciencialização quem deveria sair primeiro à rua deveriam ser os encarregados de educação”, acrescentou.