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As manifestações são um direito constitucional, disse o Presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ) de Angola, Cláudio Aguiar.
Aguiar dialogava com os ouvintes no programa “Angola Fala Só” que esteve centrado em grande parte no último encontro entre organizações da juventude e o Presidente José Eduardo dos Santos.
Interrogado pelo ouvinte Laurindo Garcia do Uíge sobre as manifestações dos “Jovens Revolucionários” que geralmente acabaram em confrontos com a polícia, o dirigente da CNJ disse que “a manifestação é um direito constitucional” e defendeu a necessidade de haver um “diálogo estruturado com vista a ouvir-se todas as opiniões”.
“Todo o angolano tem uma ideia,” disse.
Questionado sobre o que a sua organização tinha feito em defesa dos jovens presos pela polícia nessas manifestações, Cláudio Aguiar, disse que o papel da sua organização “não è fazer publicidade sobre o que temos feito”.
“Mas alguns (desses jovens) sabem o que temos feito,” disse.
Aguiar disse contudo que o “Movimento de Jovens Revolucionários” não foi convidado como tal porque isso seria “muito difícil” pois o movimento “não está organizado” não possuindo estruturas próprias.
Contudo, acrescentou, um dos jovens tinha estado presente ao encontro e o CNJ tem a intenção de “ouvir todas as opiniões” através de um programa a ser lançado em breve.
Claúdio Aguiar negou que o encontro entre o presidente e as organizações de jovens tivesse sido organizado para tentar corrigir a declaração do presidente de que os jovens que têm participado em manifestações antigovernamentais são “frustrados” por não terem alcançado sucesso na vida académica e no mercado de trabalho.
José Eduardo dos Santos fez essa declaração numa recente entrevista à cadeia de televisão portuguesa SIC, algo que foi criticado por muitos jovens e descrito de declaração “infeliz” por um analista.
Aguiar disse que o encontro tinha sido solicitado pela CNJ muito antes da entrevista que ele disse não considerar de “infeliz”.
“O presidente não foi infeliz na entrevista à SIC,” disse Aguiar que considerou essa descrição como “uma opinião”.
Para Claúdio Aguiar o encontro entre o Presidente dos Santos e as organizações juvenis, que disse ter decorrido num ambiente descontraído, aberto e mesmo com humor, foi um “facto histórico e marcante”.
Para o dirigente da CNJ a “democracia está a profundar-se” e “o país tem rumo , tem direcção”.
“Isto não significa que esteja tudo bem,” disse.
“Há muitos desafios,” acrescentou.
Um ouvinte de Benguela insurgiu-se contra o que disse ser o monopólio de informação do partido no poder e Claúdio Aguiar respondeu que “um direito constitucional é o direito á informação”.
“Este direito tem que ser aprofundado,” acrescentou.
O ouvinte Aurélio Piedade da Lunda Sul abordou a questão de discriminação nos postos de trabalho do governo contra aqueles que não pertencem ao partido no poder.
Casos desses, disse, devem ser denunciados, mas deve-se falar de Casos concretos”.
Para Aguiar “sem casos concretos, sem provas” é impossível fazer avançar essas acusações.
O mesmo ouvinte quis saber a sua opinião sobre o caso do desaparecimento dos activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule, raptados há mais de um ano quando organizavam manifestações de ex-militares.
“Isso é um caso de polícia que tem estado a trabalhar sobre isso,” disse Aguiar para quem deve-se “ter fé na polícia” e dar “espaço para que estes casos possam ser resolvidos”.
Interrogado sobre a sua afiliação partidária Cláudio Aguiar disse que na sua posição “não represento nenhum partido”.
“Represento a juventude,” disse.
“ O cargo é supra partidário e representativo da juventude angolana,” acrescentou.
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