Your browser doesn’t support HTML5
"Se quisermos construir a verdadeira paz em Angola temos que dar oportunidades a todos", afirmou o psicopedagogo Alcides Chivango num animado “Angola Fala Só” da VOA sobre da criminalidade.
A conversa acabou por tocar várias questões sociais e políticas, com excelentes contribuições dos ouvintes e internautas da VOA.
Chivango começou por fazer notar que o aumento do crime se deve não só à crise económico-financeira, mas também a uma queda nos valores morais e cívicos e à falta de uma educação de qualidade.
O ouvinte Constantino Tchitembo, da província de Benguela, disse que um dos principais problemas é que o próprio Estado “não tem respeito pelo cidadão”.
As leis, disse, são violadas pelo próprio Estado e o sistema de justiça não se mostra capaz de lidar com isso.
Para além disso, continuou, Angola vive ainda um clima de intolerância política em que pessoas são discriminadas e mesmo atacadas pela sua filiação partidária ou opinião política.
O convidado do “Angola Fala Só” considerou que Angola está actualmente a “reconstruir as suas instituições e a justiça” e sublinhou que “a tolerância é um processo lento”.
“É possível vivermos na diferença”, acrescentou, destacando, no entanto, que em Angola “há poucos programas de educação cívica e patriótica”.
“Algumas figuras não têm sido um bom exemplo de tolerância”, afirmou o Dr. Chivango que disse também que a população angolana tem que fazer mais para denunciar arbitrariedades e injustiças.
“A população sofre e não leva queixas às instituições”, disse.
“Temos que educar que é preciso denunciar esses actos”, acrescentou o Dr. Chivango para quem “é um dever do angolano denunciar (esses actos)”.
O convidado disse haver com efeito “dificuldades na aplicação das leis”, algo que culpou na “burocracia e inexperiência” mas avisou contra a tendência de muitos de culpar tudo no presidente Eduardo dos Santos.
A conversa com os ouvintes versou também a questão económica e Chivango, para quem há em Angola uma “mentalidade de dependência “ do Governo para os empregos que, segundo disse, devem ser criados pelos empreendedores.
“O Estado de partido único criou uma mentalidade de dependência”, comentou Chivango que exortou os empresários angolanos a exigir do Governo que invista no interior do país.
“Temos que exigir do Governo que alimente políticas de emprego”, afirmou, defendendo a necessidade da “descentralização do poder” através das eleições autárquicas".
Para aquele professor, o Estado angolano tem também “uma cultura de esbanjamento” que é preciso eliminar, reiterando que "os angolanos, no entanto, não têm um espirito de cidadania”.
Alcides Chivango mostrou-se optimista quanto ao futuro de Angola e garantiu que, "aos poucos, Angola vai entrar nos carris”, mas, para tal, desafiou: "Temos que exigir mais de nós e do Estado”.