A expulsão de um juiz em Angola marca um momento considerado de relevante para o sistema judicial e uma lição para a classe dos magistrados, de acordo com juristas que também questionam o silêncio do Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ) em torno às denúncias contra o presidente do Tribunal Supremo (TS).
A expulsão de Amílcar Tumbo, alegadamente por ter recebido suborno é um acontecimento inédito nos 50 anos de independência do país.
Para o jurista Manuel Cornélio, a atitude do CSMJ demonstra coragem em punir um dos seus colegas.
“O juiz ao deixar-se vender a um preço que custa neste momento a sua carreia, sua reputação e o seu bom nome, obviamente que acaba por ser uma lição muito bem dada muito bem conseguida”, sustema Cornélio.
A punição de um único juiz, contudo, levanta dúvidas sobre o tratamento desigual em casos semelhantes.
Diversos magistrados são apontados como estando em casos semelhantes, sem que houvesse consequências severas.
Manuel Cornélio diz não compreender como o mesmo órgão se recusa a investigar denúncias contra o presidente do Tribunal Supremo, que já esteve sob suspeita em várias denúncias tornadas públicas.
Veja Também Tribunal Constitucional em silêncio sobre recurso de Zenu dos Santos e outrosPara aquele jurista, "a forma possível de prestigir esse órgão passa por investigar as diversas acusações que o presidente do Tribunal Supremo tem sido alvo”.
Outro jurista Domingos Eduardo Chipilica afirma que existem outras denúncias que deveriam receber o mesmo tratamento por parte do CSMJ.
“Há aqui dois pesos e duas medidas, a questão do presidente do Tribunal Supremo não mais se investiga e mostra claramente que existem aqui filhos e enteados", defende Chipilica.
Por seu lado, o analista político Rui Kandov explica que a justiça não pode agir com "dois pesos e duas medidas".
Para ele "ninguém é tao poderoso suficente ao ponto de não estar em conta com a justiça, aqui o CSMJ usou dois pesos e duas medidas, o presidente do Tribunal Supremo tem sido alvos de denúncias e nunca vimos investigação a essas denuncias e não é bom para comunidade judicial”.