Angola: Energia solar já alimenta uma zona do país

João Lourenço inaugura parque de energia solar em Benguela

A população do Biópio espera que o arranque de produção dos primeiros parques de energia solar sirva para atrair investimentos e emprego agora que foram perdidos centenas de postos de trabalho com o fim da construção dos mesmos

O presidente angolano João Lourenço inaugurou os dois primeiros parques fotovoltaicos para a produção de energia solar em Angola, na quarta-feira, 20, que vão potenciar o sistema eléctrico nacional com 285 megawatts, o pico da capacidade instalada.

Não foi possível obter o número exacto, mas estima-se que cerca de 800 pessoas tenham perdido os seus empregos com o fim da construção desses dois projectos.

O Ministério da Energia e Águas espera que até ao próximo ano estejam concluídas cinco outros parques de energia solaar, incluídos no pacote do consórcio que engloba o grupo MCA, de portugueses com participação angolana, e da Sun Africa, dos Estados Unidos da América.

O valor total é de 540 milhões de dólares norte-americanos, com o contrato celebrado via ajuste directo, e o número de beneficiários em perspectiva é superior a dois milhões de cidadãos.

Consumado o fim de vínculos laborais, a próxima oportunidade nestes dois parques fotovoltaicos, que custaram pouco mais de 386 milhões de euros, pode estar na limpeza, anualmente, dos 770 mil 400 painéis solares ali existentes.

Só no Biópio, segundo dados fornecidos pela Administração Comunal e autoridades tradicionais, foram despedidos mais de trezentos jovens.

Agora, diz o padre Quintino Calianguila, é preciso recuperar os postos de trabalho perdidos por força do final da empreitada.

“De facto, eles falaram muito bem, é preciso mais oportunidades nesta comuna através da indústria, através de investimentos”, vinca o prelado católico.

Ao presidente angolano que accionou os botões de arranque nos parques da comuna do Biópio e município da Baía Farta, província de Benguela, vários jovens solicitaram oportunidade de empregos através de incentivos na agro-indústria.

“Eu acho uma mais-valia, mas diria que a juventude precisa de uma boa oportunidade, também em termos técnicos médios cá na comuna”, sustenta Abel, 37 anos.

Outro morador, Eduardo, 33 anos de idade, assinala que “espero mais indústrias para criar postos de trabalho para os jovens, aqui a energia e água são um problema”

Sem ter respondido directamente ao apelo lançado na comuna do Biópio, município da Catumbela, o presidente João Lourenço disse que um Governo a investir sete mil milhões de dólares em fotovoltaicas tem de esperar por revolução no sector produtivo.

“Havendo abundância de energia, pelo menos deixa de haver uma desculpa. Portanto, facilmente os investidores de diferentes ramos da indústria terão este bem essencial”, avançou o Chefe de Estado angolano.