Diversos especialistas em educação avisaram que a programada introdução do ensino de línguas regionais no ensino oficial do país poderá ter consequências negativas, devido à falta de condições e de professores.
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O Governo angolano anunciou recentemente a introdução de duas línguas estrangeiras e oito regionais no sistema de ensino, começando a partir do próximo ano, no 5°e 6° anos.
As autoridades esclarecem, igualmente, que as duas línguas estrangeiras, inglês e francês, serão administradas por regime de opção, sendo que, para as oito regionais as opções adequar-se-ão à relevância geográfica.
O professor universitário de língua portuguesa e escritor, José Carlos de Almeida, salienta ser complicado o ensino de outras línguas, quando existem graves debilidades no ensino e aprendizagem da língua veicular, a língua que os alunos deveriam dominar.
Para o professor, a prioridade deveria ser dada ao fortalecimento do ensino de português, que, posteriormente, tornaria mais fácil a aprendizagem da gramática de uma língua regional.
Mais do que introduzir novas disciplinas as autoridades devem ter como prioridade a malhoria das condições materiais e técnicas para o ensino de línguas no país, considera o docente universitário e pedagogo, Isaac Paxe.
O especialista não poupa críticas e aponta a fragilidade existente na falta de docentes do ensino das línguas. "No caso das línguas nacionais, nós não temos metodológos. O número de formandos é muito reduzido", adianta.
O Sindicato Nacional dos Professores (Simprof) emitiu, recentemente, uma nota pública, relativamente à sobrecarga curricular no sistema de ensino, no sentido das disciplinas serem bem equacionadas sob pena de prejudicarem as crianças.
A Comissão Nacional para a UNESCO sublinha, contudo, as vantagens do ensino das línguas nacionais. O responsável, Alexandre Costa, destaca, por exemplo, a valorização da cultura angolana.
"As línguas nacionais acabam, por vezes, tendo um pendor forte que a língua veicular e, desta forma damos relevância aos aspectos culturais", resumiu o responsável.
A proposta é agora alvo de um processo de consulta pública enquano o assunto gera acesos debates entre especialistas do sector.