É “lamentável” que o Ministério da Cultura tenha decidido cancelar a participação de Angola na Exposição Internacional de Arte – Bienal de Veneza, disse o artista angolano Hildebrando de Melo.
Your browser doesn’t support HTML5
“Isto é muito desgastante porque foram quase dois meses de trabalho”, disse o artista em referência aos preparativos para a participação angolana no evento.
“Tudo foi por água abaixo”, acrescentou.
O Ministério da Cultura avançou, em comunicado tornado público no passado 29 de Janeiro, que apesar de ter manifestado o seu interesse em participar na 58.ª edição da Exposição Internacional de Arte - Bienal de Veneza 2019, em Itália, não foram reunidas as condições e garantias para a participação do país neste evento.
O departamento ministerial adianta que razões de ordem conjuntural ditaram a redefinição dos orçamentos e prioridades para o sector da cultura ao nível nacional.
“O Ministério da Cultura reafirma o seu compromisso de continuar a criar as condições para a participação de Angola em eventos internacionais, desde que se mantenha salvaguardada a sua boa imagem e o prestígio já granjeado”, lê-se no documento.
Para participar, Angola precisaria de 500 mil euros, o equivalente a 175 milhões de kwanzas, no câmbio oficial, orçamento feito pelo artista plástico Hildebrando de Melo, que seria o responsável pelo pavilhão de Angola, na Bienal.
O ministério viu-se obrigado a cancelar o compromisso, por temer, que “o bom nome de Angola estivesse comprometido”, caso, “não se cumprisse com as garantias”, justificou Paulo Kussy.
“Angola é um país que granjeia algum prestígio na bienal”, reforça o director de formação artística.
Hildebrando de Melo foi convidado pela ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, em Março de 2018, em que ficou acordado, que, além de representar Angola no evento, teria de “angariar patrocínios, escolher a produção e a curadoria e ainda o tema”.
De acordo com o artista, os patrocínios foram conseguidos para dar entrada da primeira parte, que seria de 30 milhões de kwanzas, equivalentes em euros, valor que o Ministério, junto do BNA, conseguiria converter, adiantou Paulo Kussy, director de formação artística.
Segundo o director, era necessário fazer um depósito de 50 por cento, do valor acordado até 31 de Janeiro. Paulo Kussy garante que o artista conseguiu apenas 25 milhões, num total de 175 milhões de kwanzas, não tendo apresentado “garantias plausíveis e sustentáveis à ministra da Cultura, sobre a outra parte”.
Angola tem participado nas edições da Bienal de Veneza desde 2013, tendo na altura ganho o Leão de Ouro, o maior galardão atribuído ao pavilhão de um país.
A Bienal de Veneza é, há mais de um século, o mais importante e prestigiado evento cultural e artístico do mundo e desde a sua fundação tem estado na vanguarda da pesquisa e promoção de novas tendências artísticas, entre as mais importantes a nível mundial, no ramo das artes contemporâneas e da arquitectura.