Angola: Candidatos à docência exigem admissão imediata e lembram “promessas de campanha eleitoral”

Professores manifestam-se em Benguela por integração no sistema educativo, Angola

Num protesto por algumas ruas da cidade angolana de Benguela, na última semana, centenas de candidatos com resultados positivos para admissão como professores exigiram o seu enquadramento imediato na Educação, usando cartazes críticos em relação às políticas implementadas pelo Executivo.

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Candidatos à docência querem admissão imediata 2:53


Os manifestantes, submetidos a exames no ano lectivo 2021/22, disseram que foram as eleições gerais a determinar o concurso público e pediram bom senso para o enquadramento de oito mil candidatos com resultados positivos em diferentes províncias.

Eles recordaram que em Maio de 2022, em declarações à Rádio Nacional de Angola, a ministra da Educação, Luisa Grilo, garantiu que os candidatos com notas positivas, não admitidos por falta de vagas, seriam enquadrados nos próximos dias, até Julho do mesmo ano.

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A governante falava em 7.500 vagas, quase o número de candidatos que reivindicam agora, referindo que tinham sido construídas escolas para os futuros professores

Na manifestação em Benguela, gritou-se bem alto por enquadramento imediato, mas a lei dos concursos públicos, citada recentemente pela ministra, obriga a que mesmo os candidatos com notas positivas voltem a ser avaliados num novo concurso, como se espera vir a acontecer, uma vez que a validade das candidaturas é de um ano apenas.

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É um dos vários pontos de discórdia apresentados por jovens de diferentes áreas do saber.

“O nosso principal problema é a mentira da ministra, dizendo que aqueles que ficaram são os que fizeram Filosofia, mas não. Eu fiz Pedagogia, tenho certificado e tive 15 na prova. Nos enquadrem por favor”, solicitou Maria Jamba

Adelino acrescenta que “nós fizemos concurso em 2021/22 por causa da campanha eleitoral, a ministra prometeu que todos com positiva seriam enquadrados, sobraram 8.100 positivas em todo o país, são cursos de Matemática, Língua Portuguesa e outros, a senhora ministra é mãe é deve honrar a palavra”.

Candidatos a professores manifestam-se em Benguela por integração no sistema educativo, Angola

A alegada falta de disponibilidade financeira não convence os candidatos, que fizeram questão de recordar a recente aprovação de um subsídio para professores e agentes da Educação, equivalente a 12,5 por cento do salário base, que será introduzido a partir deste mês.

“Só queremos justiça, já fomos reclamar por escrito, disseram que o Ministério das Finanças não tem dinheiro suficiente. Mas como é que estão a aumentar a percentagem para os professores?”, perguntam manifestantes, lembrando que “há escolas que fecham porque não há professores, é a ministra contra a população”.

A Voz da América tentou contactar o Gabinete de Comunicação e Imprensa do Ministério da Educação, mas sem sucesso.

Entretanto, recentemente, a ministra Luísa Grilo, que prestava esclarecimentos a deputados, garantiu que o orçamento para 2023 permite realizar concursos para a admissão de 78.840 professores, o número real em termos de necessidades.

Recorde-se que a insuficiência de professores deixa milhares de crianças fora do sistema normal de ensino.