Num protesto por algumas ruas da cidade angolana de Benguela, na última semana, centenas de candidatos com resultados positivos para admissão como professores exigiram o seu enquadramento imediato na Educação, usando cartazes críticos em relação às políticas implementadas pelo Executivo.
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Os manifestantes, submetidos a exames no ano lectivo 2021/22, disseram que foram as eleições gerais a determinar o concurso público e pediram bom senso para o enquadramento de oito mil candidatos com resultados positivos em diferentes províncias.
Eles recordaram que em Maio de 2022, em declarações à Rádio Nacional de Angola, a ministra da Educação, Luisa Grilo, garantiu que os candidatos com notas positivas, não admitidos por falta de vagas, seriam enquadrados nos próximos dias, até Julho do mesmo ano.
A governante falava em 7.500 vagas, quase o número de candidatos que reivindicam agora, referindo que tinham sido construídas escolas para os futuros professores
Na manifestação em Benguela, gritou-se bem alto por enquadramento imediato, mas a lei dos concursos públicos, citada recentemente pela ministra, obriga a que mesmo os candidatos com notas positivas voltem a ser avaliados num novo concurso, como se espera vir a acontecer, uma vez que a validade das candidaturas é de um ano apenas.
É um dos vários pontos de discórdia apresentados por jovens de diferentes áreas do saber.
“O nosso principal problema é a mentira da ministra, dizendo que aqueles que ficaram são os que fizeram Filosofia, mas não. Eu fiz Pedagogia, tenho certificado e tive 15 na prova. Nos enquadrem por favor”, solicitou Maria Jamba
Adelino acrescenta que “nós fizemos concurso em 2021/22 por causa da campanha eleitoral, a ministra prometeu que todos com positiva seriam enquadrados, sobraram 8.100 positivas em todo o país, são cursos de Matemática, Língua Portuguesa e outros, a senhora ministra é mãe é deve honrar a palavra”.
A alegada falta de disponibilidade financeira não convence os candidatos, que fizeram questão de recordar a recente aprovação de um subsídio para professores e agentes da Educação, equivalente a 12,5 por cento do salário base, que será introduzido a partir deste mês.
“Só queremos justiça, já fomos reclamar por escrito, disseram que o Ministério das Finanças não tem dinheiro suficiente. Mas como é que estão a aumentar a percentagem para os professores?”, perguntam manifestantes, lembrando que “há escolas que fecham porque não há professores, é a ministra contra a população”.
A Voz da América tentou contactar o Gabinete de Comunicação e Imprensa do Ministério da Educação, mas sem sucesso.
Entretanto, recentemente, a ministra Luísa Grilo, que prestava esclarecimentos a deputados, garantiu que o orçamento para 2023 permite realizar concursos para a admissão de 78.840 professores, o número real em termos de necessidades.
Recorde-se que a insuficiência de professores deixa milhares de crianças fora do sistema normal de ensino.