A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) disse, numa radiografia feita ao país, que o mesmo continua “marcado negativamente” pela pobreza, fome e subdesenvolvimento.
No final da segunda Assembleia Ordinária Anual da CEAST, que decorreu de 24 a 28 de setembro, na Casa de Espiritualidade Mamã Muxima, em Luanda, o porta-voz e bispo de Cabinda, Dom Belmiro Chissengueti, exortou ainda o Governo a priorizar políticas para reduzir o custo da cesta básica.
Veja Também Angola: Igreja Católica prepara exéquias de Dom Alexandre do Nascimento, falecido aos 99 anos“A carga fiscal, como está, é insustentável para as famílias e para as empresas. O Governo precisa de agir agora antes que as consequências sejam irreversíveis”, afirmou o porta-voz, que apontou ainda "os impostos elevados" como "os principais responsáveis pela falência de inúmeras empresas nacionais, o que pode levar à perigosa perda da independência económica do país, com efeitos nefastos para a sociedade".
No seu apelo, os bispos reforçaram que a luta contra a fome deve ser prioridade absoluta.
Veja Também Analistas políticos dizem que alerta dos bispos católicos deve despertar os angolanos“Nenhuma nação pode sobreviver com a barriga vazia”, reiterou o porta-voz, dando eco à constatação dos líderes católicos de que a situação social é precária e em permanente degradação.
A CEAST manifestou também a sua profunda preocupação pela exclusão de milhares de crianças do sistema de ensino.
Veja Também Angola enfrenta uma grave crise de ética com consequências terríveis, diz presidente da CEAST“Não podemos construir uma sociedade sólida sem garantir educação para as nossas crianças”, frisou o bispo, sublinhando que a violência infantil e o consumo de drogas continuam a aumentar, uma situação que classificam como “vergonhosa”.
Linguagem política-partidária "longe de incluir"
Dom Belmiro Chissengueti acrescentou que a linguagem político-partidária ainda "está muito longe de incluir, reconciliar, pacificar, unir, alegrar, animar e de reacender a esperança".
No entendimento dos bispos, continua-se a "agir na base da intriga, da falsidade, do ódio, da calúnia, da indiferença, da discriminação, da bajulação, do calculismo, do egoísmo, da divisão e do descompromisso com o bem comum e, sobretudo, contra o bem dos mais desfavorecidos".
Os bispos manifestaram ainda a sua preocupação pela bipolarização política da população angolana e alertou para a iminente perda da independência económica do país.
A assembleia reconduziu a direção da CEAST para mais um triénio (2024-2027), liderada pelo arcebispo José Manuel Imbamba.