Em São Tomé e Príncipe, analistas não acreditam na sustentabilidade do acordo entre o Governo e as centrais sindicais que aumentou o salário mínimo da função pública em mais de 100 por cento.
As centrais sindicais exigem o pagamento do novo ordenado no mais tardar até 28 de Junho, caso contrário avançam para uma greve geral na Administração Pública.
O Governo garante que vai cumprir o acordo.
Mas há dúvidas quanto à sustentabilidade desse aumento no futuro.
“Mesmo que o Governo corte nas outras despesas como comunicações, combustíveis, entre outras, será muito difícil ter um definitivo aumento do salário mínimo em mais de 100 por cento”, avisa Celsio Junqueira, alertando que a situação ainda é mais complexa porque vai mexer com toda a grelha salarial da função pública.
“Quem neste momento tem salários à volta de duas mil dobras também terá que ter aumento e o salário dessas pessoas não poderá ser inferior ou igual à de quem saiu de 1.100 para 2.500”, considera aquele analista político, prevendo uma enorme sobrecarga nos cofres do estado.
Para o também analista político Liberato Moniz, só será possível suportar este aumento se houver uma verdadeira restruturação da massa salarial disponibilizada pelo Governo.
“Não se pode ter trabalhadores na mesma função pública a ganharem 100 vezes mais que os outros”, defendeMoniz, sublinhando que a massa salarial dos que têm ordenados chorudos é muito superior ao resto que constitui a maioria dos funcionários da função pública.
Este analista considera que o decreto-lei que aumentou o salário mínimo em mais de 100 por centro é um mero expediente político que os governantes vão tentar satisfazer até as eleições legislativas de 25 de setembro.
“Se o Governo tem tido imensas dificuldades para pagar os actuais salários como é que vai conseguir pagar mais do que o dobro, numa altura em que a conjuntura económica é cada dia mais desfavorável”?, pergunta aquele analista político.
A Organização Nacional dos Trabalhadores de São Tomé e Príncipe suspendeu a greve da função pública prevista para a passada quarta-feira, mas avisou que retomará o protesto se o salário mínimo de 2.500 dobras não for pago no final do mês.
O ministro das Finanças, Engrácio Graça, garantiu, por seu lado, que a despesa do complemento salarial está ajustada ao programa de cooperação entre o país e o Fundo Monetário Internacional (FMI).