Analistas moçambicanos saúdam financiamento do FMI, mas pedem reforço da transparência

Programa aprovado pelo FMI pode atrair mais investidores para Moçambique

Analistas moçambicanos consideram que o programa de financiamento de 470 milhões de dólares aprovado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) vai aumentar a disponibilidade das fontes de financiamento à economia nacional, mas defendem que a instituição financeira deve continuar a pressionar Maputo para cumprir os critérios da transparência e boa governação.

O economista e director económico da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Eduardo Sengo, é de opinião que a retoma do programa de assistência do FMI a Moçambique vai ter um impacto bastante positivo na economia do país, sobretudo porque aquela instituição vai encorajar outros parceiros.

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Sengo avança que muitos financiadores, sobretudo os multilaterais, não trabalham em economias onde o FMI não esteja a fazer as avaliações periódicas do ponto de vista técnico e de financiamento, "e isto significa que Moçambique poderá ter o retorno do apoio de parceiros de cooperação multilaterais e do mercado financeiro em geral".

Um dos aspectos mais importantes deste acordo de financiamento, acrescenta Eduardo Sengo, é o aumento da disponibilidade de recursos porque o FMI está a colocar, logo à partida, 470 milhões de dólares, "represenando o aumento dos recursos disponíveis para financiar o desenvolvimento do país e a diversificação económica em todos os aspectos".
Sengo realça o facto de o apoio ter áreas específicas, para além do desenvolvimento económico e social, a questão da transparência e boa governação, "e isso é muito importante para o desenvolvimento do país".

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"Nós gostariamos que o FMI prestasse apoio técnico no sentido de ajudar o país a reduzir o custo do financiamento e a facilitar o desenvolvimento do ambiente de negócios, como forma de apoiar o sector privado em particular, que é o motor do desenvolvimento", realça aquele economista.

Ainda para Eduardo Sengo, um dos grandes constrangimentos do empresariado,neste momento, é o custo do financiamento, que é muito alto, e inibe o crescimento dos sectores primário e secundário e a diversificação económica de forma geral.

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Ele anota que nos últimos três anos, do crédito concedido ao sector privado, apenas cerca de 16 por cento foram para os sectores primário e secundário, que são os sectores produtivos.
"Como é podemos ajudar a diversificação económica se não conseguimos financiar os sectores produtivos que vão oferecer a base para essa diversificação", interroga-se o director económico da CTA.

Por seu turno, o analista político Tomás Rondinho considera que com este acordo o FMI pretende ver até que ponto Moçambique vai cumprir os critérios da transparência.

A economista e pesquisadora do Centro de Integridade Pública (CIP), Leila Constantino, diz também ser fundamental a questão da transparência na gestão de fundos e enaltece o papel do FMI na mobilização de outros parceiros.