Vários estudos e pesquisadores apontam para o desemprego, a falta de oportunidades e a pobreza que afecta maioritariamente os jovens como alguns dos factores que fazem com que estes sejam facilmente recrutados para integrarem os grupos terroristas que operam na província moçambicana de Cabo Delgado, há cerca de três anos.
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O sociólogo João Colaço diz que na ausência de políticas claras sobretudo de criação de empregos e formação técnico-profissional para jovens em Cabo Delgado, quaisquer apetências, internas ou externas, elas servirão sempre como alternativa imediata que possa dar resposta à sua sobrevivência.
Para se ultrapassar esta questão, Colaço aponta que o Governo tem de ser bastante eficiente na elaboração de políticas públicas que possam concorrer para a diminuição da pobreza e realização de mais investimentos, de modo a criar mais empregos para a juventude.
Ele avança que, a ser diferente, a questão da vulnerabilidade desta população ser muito grande e quaisquer apetências externas, ainda que possam também ser internas, aparecerem, elas servirão sempre como alternativas que possam dar resposta à sua própria sobrevivência".
"Se é uma questão de pobreza, desemprego ou exclusão, há que atacar isso com políticas muito claras", defenda aquele académico.
Veja Também Bispo de Pemba aos eurodeputados: “É necessário mais apoio” às vítimas da violência em Cabo DelgadoAs autoridades governamentais dizem pretender construir pelo menos uma centena de casas para jovens, numa primeira fase, em Cabo Delgado.
Para João Colaço, a política de habitação é necessária, dada à escassez de casas para jovens recém- formados e recém casados.
Ele avança que falar de casas é algo imprescindível para qualquer indivíduo que viva numa sociedade como a nossa, mas interrogou-se “o que significam 100 casas para um universo tão grande de jovens?", que constituem a maioria da população moçambicana.
O também sociólogo Moisés Mabunda defende ser fundamental atacar os vários problemas apontados por pesquisadores como sendo a causa do conflito em Cabo Delgado, referindo que no caso referente a jovens de todo o país, há uma questão muito preocupante, a exclusão.
Ele refere que "são várias coisas que nós não estamos a fazer bem, não só em Cabo Delgado, como também em todo o país, por exemplo, os concursos para bolsas de estudo para jovens só se conhecem faltando uma semana ou duas para a submissão de documentação".
Entretanto, para o jurista Tomás Vieira Mário, a questão da falta de empregos para jovens pode ser minimizada, se o Governo capitalizar a recém-criada Agência para o Desenvolvimento Integrado do Norte.