Especialistas em relações internacionais e diplomacia dão nota positiva ao primeiro ano de Moçambique no Conselho de Segurança das Nações Unidas, mas salientam a necessidade de mais alinhamento com a União Africana para questões globais e ter uma postura diferente ao nível da política interna para melhorar ainda mais a imagem internacional.
Foi há quase um ano que Moçambique foi eleito para fazer parte do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, como membro não permanente. Foi eleito por consenso como um dos dois representantes do continente africano, com a missão de levar para aquele órgão, a voz dos africanos, uma tarefa que analistas nacionais classificam que está a ser positiva.
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“No cômputo geral, podemos, sem quaisquer dúvidas, assumir que o continente africano foi, até agora, bem representado,” disse Muhamad Yassine, analista e especialista de relações internacionais e diplomacia, apontando como exemplo, a agenda que Moçambique tem defendido ao nível daquele órgão, nomeadamente, a questão climática, o combate ao extremismo violento, o multilateralismo e o diálogo para o alcance da paz.
Um dos momentos altos da histórica presença no mais alto órgão da ONU foi a presidência, durante o mês de Março, do Conselho de Segurança onde, segundo Hilário Chacate, docente de relações internacionais e diplomacia na Universidade Joaquim Chissano, Moçambique conseguiu defender uma agenda de interesse global.
“Se olharmos para a agenda que Moçambique levou durante a presidência do Conselho de Segurança, foram temáticas extremamente assertivas e extremamente relevantes,” disse.
Ainda assim, Chacate considera que o desempenho de Moçambique podia até ser ainda melhor, não fosse a situação interna que destoa com a retórica que defende na ONU.
“Eu penso que o não alinhamento ou conciliação entre a sua atuação ao nível do Conselho de Segurança e a postura do Governo ao nível interno, nomeadamente, os conflitos eleitorais, a sensação de termos instituições capturadas e dependentes do poder político, nomeadamente, os tribunais, o Conselho Constitucional, a Comissão Nacional de Eleições, a actuação da Polícia da República, beliscaram um pouco a imagem do país” frisou.
Com um ano de mandato ainda pela frente, a guerra na Ucrânia e no Médio Oriente, juntam-se ao registo de cada vez mais golpes de Estado no continente africano constituem desafios dessa passagem que segundo Yassine, exigem que Moçambique cimente a sua ligação com a União Africana, para levar à ONU, uma posição totalmente alinhada sobre os conflitos.
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