Em Moçambique, analistas dizem que começa a quebrar-se o mito de que o conflito político-militar só seria resolvido depois das eleições de 15 de Outubro, dada a rapidez com que têm sido implementados os acordos alcançados nas conversações entre o Governo e a Renamo.
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A transformação, em leis, pela Assembleia da República, desses acordos em tempo recorde e a vinda a Maputo do líder da Renamo, Afonso Dhlakama constituem uma indicação de que esta situação vai terminar ainda na presidência de Armando Guebuza.
O parlamento moçambicano ratificou, esta segunda-feira, 8, o acordo sobre a cessação das hostilidades militares, homologado na passada sexta-feira, 5, pelo Presidente da República e o líder da Renamo.
Para o economista Ragendra de Sousa, um aspecto muito importante é o facto de se ter equacionado a dimensão económica e financeira na implementação destes acordos, com a criação do Fundo para a Paz e Reconciliação. "Não tivemos isso nos anteriores acordos", disse o economista, realçando a importância da participação da sociedade e das academias na materialização do projecto.
Para o professor universitário Calton Cadeado, é preciso viabilizar este projecto para que haja dinheiro para a paz, algo que faltou nos acordos de Roma.
"Para mim, esta foi a coisa que mais pesou. Eu lembro-me de ter feito a sugestão da transformação da serra da Gorongosa num centro turístico, para reintegrar economicamente os homens da Renamo, que, quanto a mim, sempre foram pedra no sapato para o líder da Renamo", disse.
Analistas dizem que estes acordos são também uma indicação de que o presidente Armando Guebuza quer sair do poder com a questão da tensão politico-militar resolvida.
O analista de assuntos políticos Luis Loforte entende que Guebuza, de forma alguma, quereria sair do poder deixando o país em guerra.”Dhlakama explorou este aspecto e creio que em certa medida resultou a estratégia de pressionar porque esta pressão era mais para o presidente Guebuza do que propriamente para Dhlakama, embora também com alguma dose para o próprio líder da Renamo", considerou Loforte.
Aquele especialista referiu que tendo em conta o facto de que daqui a alguns meses, Armando Guebuza vai sair e entregar o poder a uma outra individualidade, seria um pesadelo para essa pessoa assumir o poder numa situação de guerra.