A ministra sul-africana das Relações Exteriores, Lindiwe Sisulu, disse ao jornal Daily Maverick, na quinta-feira, 21, que o antigo ministro moçambicano das Finanças, Manuel Chang, será extraditado para Moçambique e não para os Estados Unidos, onde é procurado para responder a acusações de conspiração em vários crimes financeiros relacionados com o escândalo das “Dívidas Ocultas”.
Juristas e analistas consideram que as declarações da chefe da diplomacia sul-africana podem ser prematuras e até “populistas e anti-éticas”.
Especialistas ouvidos pela VOA consideram que, caso tal venha a acontecer, a ministra devia respeitar a separação de poderes e aguardar a decisão judicial.
O advogado José Nascimento, que sob contrato da Embaixada de Moçambique defendeu os familiares do taxista moçambicano, Mido Macie, morto por agentes da Policia sul-africana, disse que a declaração da ministra “é um reconhecimento da soberania do Estado Moçambicano sobre o seu cidadão Manuel Chang”, mas disse não poder falar mais porque o caso está no tribunal.
Para o analista sócio-politico António Ramos, a detenção de Chang encomendada à Interpol pelos Estados Unidos da América é "uma grave interferência do Governo americano nos assuntos internos do Estado moçambicano".
Entretanto, o académico constitucionalista sul-africano, Andre Thomashausen, é citado hoje pelo jornal moçambicano O Pais como tenho afirmado que as declarações da Ministra Sisulu “são populistas”.
Para já o pedido de extradição para Moçambique ainda não foi apreciado em sede do tribunal distrital de Kempton que lida com o assunto de Manuel Chang, detido a 29 de Dezembro no Aeroporto Internacional OR Tambo em Joanesburgo, a caminho de Dubai com a família para passar férias do final do ano.
O tribunal vai ouvir na terça-feira, 26, os argumentos do pedido dos Estados Unidos da América de extradição de Chang por acusações de conspiração para cometer fraude electrónica, de valores imobiliários e de lavagem de dinheiro.