A maioria qualificada do MPLA pode limitar os espaços da sociedade civil e da imprensa angolana, admite o activista José Patrocínio, coordenador da organização não governamental OMUNGA, a dois dias da decisão do Tribunal Constitucional sobre os pedidos de impugnação dos partidos da oposição.
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Em ambiente de expectativa após a apresentação do que os partidos chamam de elementos de prova, há quem vaticine uma oposição a “passear pela Assembleia Nacional’.
José Patrocínio, observador africano dos direitos dos povos, considera que nem sempre as maiorias são sinónimo de ditadura, mas lembra que o detentor tem práticas que sugerem alguma desconfiança.
“Se continuar como tem sido hábito, pode até ser muito pior para as minorias. Sinto que possa haver mais limitação dos espaços da sociedade civil e da própria midia,com o vencedor mais arrogante. Podemos até partir do discurso de vitória de João Lourenço. Acho, contudo, que pode haver mudança, o vencedor pode ter mais cautela, uma vez que a maioria não é a mesma” diz aquele activista.
Já o jurista Viriato Albino, que também olha para o cenário político com base nos resultados definitivos da CNE, diz que a nova legislatura não será positiva para a oposição.
“Isto nos mostra que nada vai mudar no cenário político, o partido maioritário vai tentar fazer passar todas as suas leis, ao passo que a oposição, sem voz, vai apenas ‘passear’ na Assembleia Nacional’’, indica o jurista, que olha para as maiorias como ‘inimigas’ das democracias modernas
A maioria qualificada do MPLA é alicerçada em 61.07 por cento dos votos, cifra que adia o sonho do equilíbrio parlamentar defendido em diversos círculos da sociedade angolana.