Analistas advertem que Guiné-Bissau não está preparada para a zona de livre comércio em África

Mercado de Bandin, Bissau

O acordo que cria a Zona de Livre Comércio de África, assinado por Chefes de Estado e de Governo e ministros de 40 países a 21 de março de 2018 em Kigali, no Rwanda, ainda não se faz sentir na Guiné-Bissau.

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Analistas advertem que Guiné-Bissau não está preparada para a zona de livre comércio em África

Especialistas guineenses concordam que o país, apesar de ter assinado o acordo, não está ainda preparado para entrar no mercado, comparativamente a outros Estados africanos, devido ao seu fraco nível de produtividade e diversificação da economia.

Um estudo divulgado na segunda-feira, 4, realizado com a parceria de empresários e líderes politicos em todo o continente, coloca a Guiné-Bissau na lista dos países pouco empenhados na concretização mercado único africano

O especialista em comércio internacional, Midana Sambú tem reservas quanto a essa integração porque, diz, o país não está preparado.

“Não sei até que ponto nós estamos preparados para embarcar nesta perspetiva. Acredito que é muito prematuro estarmos a falar do impacto deste acordo”, sublinha Sambu, que também está cético quando à entrada em vigor do mercado a nível continental.

No que diz respeito à Guiné-Bissau, ele lembra que o país terá que abdicar, em grande parte, dos impostos sobre os seus produtos estratégicos de exportação, nomeadamente a castana de caju.

Contudo, Midana Sambú abre uma janela, assente na diversificação da sua economia para ter acesso aos novos mercados do continente africano.

“Isto abrirá possibilidades de termos acessos aos novos mercados, o que nos convida a estruturarmos melhor, no sentido de diversificar a nossa economia para que posamos oferecer outras valências, de acordo com as nossas vantagens que podemos ter ou constituir para exportar produtos ao nível da ossa sub-região”, sublinha.

Por seu lado, o economista guineense Santos Fernandes entende que a Guiné-Bissau tem todas as condições do ponto vista de matérias-primas.

“A grande questão que se coloca é como traduzir estas valências em termos de recursos e colocar estes recursos no mercado, apesar de, no continente africano, a Guiné-Bissau, ter uma balança comercial deficitária”, adverte.

Entretanto, se o Acordo de Livre Comércio Africano permite que a Guiné-Bissau tenha acesso a outros mercados, não se limitando apenas ao consumo de produtos do Senegal, Guiné-Conacri e Gâmbia, Santos Fernandes apresenta vantagens que o país poderá oferecer, apesar da informalidade da economia do país.

“Sendo uma economia informal, está sempre suscetível de sofrer com algumas medidas que possam ser tomadas, quer a nível dos países asiáticos, assim como países ou europeus. Nós dependemos destes países que têm outra robustez económica”, diz.

A Zona de Livre Comércio de África devia entrar em vigor no dia 1 de julho, mas a data foi adiada devido à pandemia da Covid-19.

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