O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou recentemente que o Estado vai vender 7,5 por cento dos 92,5 por cento do capital que detém na Bolsa de Valores de Moçambique, para permitir a entrada de moçambicanos na estrutura accionista da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB).
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Algumas correntes de opinião entendem que vender acções da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) a pessoas singulares no actual momento político em Moçambique, com a questão das dívidas ocultas não esclarecida, no que se refere à responsabilização e com processos de corrupção em tribunais, pode representar uma tentativa de lavagem de dinheiro.
Para alguns analistas, esta iniciativa governamental traz um outro debate, uma vez que o país "está numa situação anormal, em que está a endividar-se cada vez mais".
O académico Julião Cumbana considera que "com as dívidas ocultas não completamente esclarecidas e com pessoas não responsabilizadas, este processo de venda de acções da HCB pode ser lido como um esquema para a lavagem de dinheiro" .
"Neste momento questiona-se quem é que tem dinheiro para compar essas acções e como é que vai ser garantida a transparência nesse processo", interrogou-se Cumbana.
Ainda não foi revelado o valor que a empresa espera encaixar, mas o administrador da HCB, Manuel Gameiro, acredita numa grande procura das acções deste empreendimento, devido à solidez financeira e potencial de crescimento da empresa.
Gameiro afirmou que neste momento, "esta é a única empresa com um balanço robusto, com rendimentos financeiros positivos e, de forma constante, de ano para ano, é uma empresa com um balanço praticamente livre" de dívidas.
Para o analista Fernando Gonçalves, tendo em conta esta realidade, existe o potencial para a lavagem de dinheiro porque, na verdade, o grosso dos moçambicanos não tem dinheiro para comprar acções da HCB, mas há um grupo de pessoas com muito dinheiro, pelo que o processo de venda dessas acções tem de ser muito transparente.
Entretanto, outros analistas defendem ser urgente a venda dessas acções para que a empresa possa usar o dinheiro na reposição e modernização do seu equipamento em uso há 40 anos e na expansão da base de negócios.