A Amnistia Internacional(AI) lançou uma campanha a pedir que se retirem as acusações contra o jornalista e activista angolano Rafael Marques, que amanhã, 24, deve começar a ser julgado em Luanda.
Marques é acusado por sete generais angolanos, entre eles o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, e por duas empresas diamantíferas, por ter revelado alegados abusos sistemáticos dos direitos humanos na região diamantífera da Lunda-Norte.
Na petição enviada ao primeiro-ministro português, Passos Coelho, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, a secção portuguesa da AI pede que os governantes lusos “encorajem” o Governo de Angola a retirar as acusações.
A organização de defesa dos direitos humanos considera que Rafael Marques “está a ser alvo de perseguição por exercer o seu direito à liberdade de expressão protegido pelo direito internacional”.
A acção é concertada com a AI nos Estados Unidos, onde petição idêntica será enviada ao secretário de Estado, John Kerry, e no Brasil.
Ao mesmo tempo, a AI divulgou uma carta aberta em que três dezenas de organizações manifestam preocupação com a possibilidade de o activista “não ter um julgamento justo”. A carta tem entre os signatários responsáveis de ramos nacionais da Amnistia e de organizações como a Transparency International, o Comité para a Protecção dos Jornalistas, o Centro Robert F. Kennedy para a Justiça e Direitos Humanos, a União dos Advogados Pan-Africanos ou a organização não-governamental angolana Omunga.
Rafael Marques é alvo de nove acusações de denúncia caluniosa por acusações feitas no livro Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola, publicado em Portugal em 2011.