Nuno Álvaro Dala: "Relatório da AI é leve"

Nuno Álvaro Dala diz que é o mínimo que a AI podia escrever

Activistas reagem ao relatório da Amnistia Internacional sobre direitos humanos em Angola

O activista Nuno Álvaro Dala considera que o relatório da Amnistia Internacional (AI) sobre a situação dos direitos humanos em Angola "é muito leve" e que foi "o mínimo que a AI podia dizer ", mas lembra que o Governo silencia todos que têm uma voz crítica.

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Reacções angolanas ao relatório da Amnistia Internacional .- 3:37

Rafael de Morais e Salvador Freire também reagem ao relatório da AI divulgado na terça-feira, 21, que denuncia restrições de liberdade de expressão, associação e livre associação.

O relatório "Estado dos Direitos Humanos no mundo" congratula-se, entretanto, com libertação de activistas em Angola.

Para aquela organização de defesa dos direitos humanos, Luanda continua a usar a justiça e outras instituições do Estado para silenciar os dissidentes, num país que regista protestos contra restrições de liberdade de expressão, associação e livre associação.

Em reacção ao relatório, o activista e membro da organização não governamental, SOS-Habitat, Rafael de Morais, que acompanha o processo do família de Rufino António, o adolescente de 14 anos morto por supostos militares do Posto Comando Unificado (PCU) durante a onda de demolições em Luanda e citado pela AI, considera as denúncias de reais.

Morais critica outros comportamentos da polícia.

“A polícia tem protegido até os que fazem as contra-manifestações e reprimindo aqueles que informaram oficialmente sobre a realização de manifestações”, acrescenta Morais, para quem “estas coisas levam-nos a dizer que a justiça está mais próxima do poder”.

Por seu lado, Nuno Álvaro Dala, amnistiado no caso dos 17 activistas, também citado no relatório, entende que as criticas constantes do relatório da Amnistia Internacional são razoáveis.

“O relatório reflete de forma razoável a situação do país nessa matéria porque temos um regime que utiliza a justiça e a força policial para reprimir tanto aqueles que tem uma voz crítica, como aqueles que querem, por exemplo, se manifestar”, explica Dala, acrescentando que, na sua óptica, “o relatrorio é leve, é o mínimo que a AI devia dizer”.

Entretanto, o presidente da associação Mãos Livres e advogado Salvador Freire considera que existem ainda no país “juízes ligados ao partido no poder”.

Refira-se que, entre muitos outros casos, o relatório da AI aborda também a nomeação da filha do Presidente da República, Isabel dos Santos, para dirigir “a maior fonte de receitas” do Estado, assim como vários casos de activistas presos, demolições e repressão das manifestações, bem como o controlo da imprensa pelo Estado.