O Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica de Angola (INAMET) prevê chuva acima do normal nos meses de dezembro e janeiro em Luanda.
O alerta deixa ainda mais preocupados os cidadãos da capital que, anualmente, enfrentam uma situação dramática por conta das águas das chuvas.
Especialistas dizem que a maioria dos bairros foi construída “sem pensar” e a situação não tem fim à vista se não houver investimentos de fundo.
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Na época chuvosa de 2023/2024 registaram-se 567 mortos, mais 175 do que no ano anterior.
Árvores caíram, escolas e postos de saúde foram inundados e vários postos de eletricidade de média tensão foram derrubados no ano passado, além de prejuízos incalculáveis.
Veja Também Mudanças climáticas poderão ser “desastrosas” para o futuro de AngolaResidentes querem respostas das autoridades.
Osvaldo Cassange, engenheiro de profissão, lembra que a maioria dos bairros na capital angolana foi construídos sem pensar e por isso a solução passa por definir "politicas de desalojamentos de muitas famílias para que se permita a criação de macrodrenagens para dar passagem a grandes volumes de água que inundam a cidade de Luanda".
“O que acontece em Luanda são enchentes, o solo está saturado, ou seja, há grandes áreas impermeáveis, não há escoamento e aquilo só vai enchendo, os nossos bairros, por exemplo, não são pensados”, aponta.
Cassange diz que "a solução é passarmos a desenvolver dispositivos de macrodrenagem, aproveitar os pontos naturais já existentes, vamos ter que desenvolver valas daquelas grandes, criar outros enterrados”.
Aquele técnico afirma desconhecer o esforço das autoridades neste sentido.
Mudanças profundas
Outro engenheiro de profissão, Chiona Ambrosio, entende existirem soluções paliativas, por agora.
"Nessa fase, podemos começar a fazer uma terraplanagem nas ruas e dar um declínio mínimo, por exemplo, nas zonas baixas, até fazer o escoamento das águas", mas Ambrósio defende soluções definitivas.
Veja Também Urbanistas apontam caminhos para "salvar" Luanda da morte e destruição quando chove"Elas passam por criar valas de drenagens capazes de evacuar os grandes volumes de água que a cidade de Luanda recebe todos os anos, nós estamos a falar em grandes galerias técnicas de drenagem, não simplesmente uma valetazinha para poder receber o escoamento das águas”, conclui Ambrósio.
Além de Luanda, o Inamet avisou que a parte leste do Cunene irá registar igualmente chuva acima do normal.