Líderes na luta global contra a SIDA disseram que a circuncisao masculina se encontra entre os mais esquecidos insrumentos para reduzir a incidência de infecções transmitidas sexualmente.
Numa conferência internacional sobre a SIDA em África, grandes doadores apelaram aos países para assumirem maior responsabilidade por campanhas de educacao, tratamento e prevenção da doença.
A agência das Nações Unidas para a SIDA (ONUSIDA) e o Plano de Emergencia do Presidente dos Estados Unidos para o Alívio da SIDA (PEPFAR) anunciaram uma campanha de cinco anos para persuadir os homens em 14 países africanos a submeterem-se voluntariamente à circuncisão.
Estudos recentes sugerem que a circuncisão reduz o risco de transmissão sexual (de mulher para homem) de infecções de SIDA em cerca de 60 por cento.
O director da ONUSIDA, Michel Sidibe, afirmou que acrescentar a circuncisão masculina voluntária à série de estratégias de prevenção pode levar a uma dramática queda das infecções no seu todo.
“Se tivermos uma redução de 60 por cento, se combinarmos isso com outras medidas de prevenção, podemos começar a reduzir o número de novas infecções transmitidas sexualmente mesmo em mais de 50 por cento” disse Sidibe.
Os 14 países africanos em mira são o Botsuana, Etiópia, Quénia, Lesoto, Malawi, Moçambique, Namíbia, Ruanda, África do Sul, Suazilândia, Uganda, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué.
Sidibe disse que a sua experiencia de trabalho com a comunidade Luo no Quenia convenceu-o de que os homens se submeterao voluntariamente a circuncisao desde que compreendam as consequencias.
“Quando estava no Quénia vi nas áreas Luo os homens resistirem totalmente ah circuncisão masculina, porque durante séculos nunca tiveram circuncisao masculina. Quando consegui que os mais velhos fizessem compreender aos mais novos que era uma questao de sobrevivencia para a sua comunidade, a mudanca foi extraordinaria. As autoridades não sabem mesmo como responder a demanda”, disse o director da ONUSIDA.
Michel Sidibe disse que uma outra chave para uma bem-sucedida e sustentada campanha para derrotar a SIDA será persuadir os governos africanos a tomarem o papel dirigente, em vez de dependerem do financiamento dos doadores como a ONU e os Estados Unidos.
“A minha expectativa é engajar os dirigentes africanos e fazê-los compreender que não podemos por pessoas em tratamento por toda a vida apenas contando com os recursos vindos de fora. É importante que se responsabilizem em procurar fundos domesticos e tentarem olhar para a inovacao em termos de se financiarem no continente”, precisou Sidibe.
O coordenador da U.S. Global AIDS, o embaixador Eric Goosby, afirmou que nesta era de orçamentos apertados os países doadores vao exigir um maior envolvimento local.
“O objectivo número um é que compreendam o empenhamento sustentado que os Estados Unidos tiveram com o assunto do HIV/SIDA durante 30 anos, mas que esse relacionamento está a passar de um relacionamento de doador tradicional para um mais de parceria, onde esperamos que haja uma contribuição do país para harmonizar e amplificar as nossas contribuições no país”, disse Goosby.
Goosby, Sidibe e o antigo presidente do Botsuana, Festus Mogae, foram alguns dos presentes na ICASA, a Conferência Internacional sobre a SIDA e Infecções Sexualmente Transmitidas em Africa.