A gritante irregularidade de chuvas na região Sul de Angola faz soar os alarmes quanto às perspectivas agrícolas da época 2020/2021, numa altura em que as consequências da seca dos últimos anos são ainda uma realidade.
Durante Outubro, Novembro e Dezembro, meses determinantes para a designada primeira época agrícola, pouco choveu e neste momento, do município dos Gambos, uma das zonas mais fustigadas pela seca, já chegam relatos de situações difíceis de acesso à água.
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O secretário executivo da Associação Construindo Comunidades (ACC), Domingos Fingo, disse ter alertado uma vez mais as autoridades locais sobre a gravidade da situação, mas sem sucesso.
“Umas comunidades da Tunda dos Gambos estão completamente traumatizadas pela falta de água. O quadro é calamitoso, sem água a situação é muito complicada porque neste momento estão a cavar poços inclusive até duas crianças, felizmente não chegaram a morrer, caíram na cacimba nem conseguem recuperar as sondas que existiam antes está uma situação", conta Fingo.
Chicomba, Caconda e Caluquembe, municípios tidos como celeiros da província da Huíla, já se ressentem da irregularidade das chuvas e o responsável da maior cooperativa agrícola de Chicomba, João Cachissapa, receia por tempos de fome.
“O celeiro está um bocado comprometido. Há previsões de fome e preocupa-nos porque a produção será reduzida, essa queda é o sinal de que haverá procura de alimentos”, diz Cachissapa.
A VOA tentou, sem êxito, ouvir as autoridades governamentais sobre o assunto.
Por causa da seca, a região sul de Angola, com realce para as províncias da Huíla, Cunene e Namibe, já chegou a beneficiar-se de ondas solidárias contra a fome em 2018.