Desde a criação do programa AGOA pelo Governo dos Estados Unidos da América, as empresas cabo-verdianas praticamente não aproveitaram a janela de oportunidade que permite os países africanos exportarem os seus produtos para o mercado americano.
O fraco aproveitamento deveu-se, segundo a VOA apurou, a um conjunto de factores, nomeadamente défice de informações úteis e a fraca capacidade produtiva das empresas do arquipélago.
Your browser doesn’t support HTML5
Para contornar tais obstáculos, o presidente da Câmara de Comércio de Sotavento defende "uma nova política industrial para o país"
Jorge Spencer Lima considera que não há outro caminho a seguir, "se não apostar no sector produtivo para exportar", realçando o papel que o sector privado é chamado a desempenhar nesse processo.
“Aprovou-se o Orçamento de Estado para 2017, mas ainda não vimos grandes incentivos fiscais e de financiamento direccionados às empresas privadas, por isso vamos exigir que isso seja efectivado no orçamento do próximo ano”, enfatiza Spencer Lima.
Por seu lado, o economista Paulino Dias aponta três razões que não permitiram às empresas cabo-verdianas aproveitar as oportunidades de exportação para os Estados Unidos.
"A não capacidade de escala da indústria nacional para concorrer com os demais países africanos, o desconhecimento do mercado norte-americano e a fraca apetência das empresas nacionais para explorar outros mercados",diz o antigo presidente da Associação dos Jovens Empresários.
O consultor Paulino Dias considera que os factores de produção no arquipélago são caros, nomeadamente o custo de água e energia elétrica, situações que precisam ser ultrapassadas para que as empresas possam ter capacidade de produção e poder exportar aos diferentes mercados.
Consciente do fraco aproveitamento dessa janela de oportunidades, o Governo diz estar empenhado na criação de condições para que as empresas do país possam exportar para o mercado americano.
Nesse âmbito, a Cabo Verde Trading Invest tem promovido algumas acções de esclarecimento e formação, visando sensibilizar os empresários da necessidade de tirar o máximo benefício durante os nove anos que restam do programa AGOA.
A presidente do organismo vocacionado para promover e atrair investimentos, Ana Barber garante que há firme propósito do novo Executivo em criar os instrumentos necessários, visando a consolidação do sector privado.
“Destaco a redução da carga fiscal e facilitação de linhas de financiamento, como alguns dos instrumentos importantes para reforçar a capacidade produtiva das empresas nacionais”, explica Barber
Aquela responsável considera que o país está interessado em melhorar e aumentar a produção, criando produtos com certificação de qualidade, para exportar não só para os Estados Unidos, como também para a Europa, sem esquecer o mercado da CEDEAO, espaço regional que Cabo Verde pertence.
Com a diminuição das ajudas públicas, a alta taxa de endividamento e a redução da remessa dos emigrantes, alguns analistas destacam a necessidade de se fazer uma grande aposta na produção para a exportação.
O embaixador americano, Donald Heflin, manifestou recentemente na cidade da Praia a disponibilidade do seu país em ajudar os empresários cabo-verdianos a tirar o melhor proveito do AGOA, bem como sensibilizar empresários dos Estados Unidos a investirem em Cabo Verde