A anunciada Iniciativa Cinturão e Rota constitui o grande o grande envolope de investimentos chineses para os próximos anos, com 50 mil milhões de dólares disponíveis, na sua grande maioria destinada a África.
Há duas semanas, um fórum reuniu 140 países em Pequim, com o presidente Xi Jimping a reiterar a sua forte aposta em África.
Os setores de investimentos são muito variados, mas os critérios para esses projetos aparentam não ser muito estritos, ao contrário do que acontece com os países ocidentais que colocam alguns requisitos como respeito aos direitos humanos e transparência nas contas.
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A influência da China, no entanto, já é muito forte e sentida em vários países, embora no tecido empresarial, segundo muitos especialistas, ela não tenha redundado num aumento de emprego e da produção interna, como se anunciou.
Os Governos, por seu lado, apontam que a China tem investido e na hora necessária em setores fundamentais para os respetivos países.
O professor universitário angolano Osvaldo Kaholo, conhecedor do pensamento político chinês, explica que Pequim procura deixar a sua marca forte mas ele questiona a capacidade dos Governos em aproveitar esses investimentos devido à corrupção e pouca apetência dos políticos em “trabalhar a favor das pessoas”.
Kaholo, usando o exemplo de Angola, é peremptório ao afirmar que, da mesma forma que se “venderam” aos ocidentais, os políticos irão fazê-lo com os chineses, enquanto os povos continuam na pobreza.
No caso de Moçambique, a China tem vindo a incrementar o seu peso económico, com um total de 8,5 mil milhões de dólares de investimento directo estrangeiro, atualmente, contra 546 milhões de dólares, há cerca de oito anos.
Chama, entretanto, à atenção a enorme divida de 2,45 mil milhões de dólares para com Pequim, havendo já a percepção de que a China possa cortar os créditos bonificados a Maputo.
A relação entre os dois cresce num contexto em que a China tem, sobretudo, um peso económico muito grande e também se apresenta como o principal credor, com alguns segmentos da sociedade moçambicana a considerarem que o crescente domínio do investimento chinês torna o país vulnerável aos seus interesses.
Nesta edição da Agenda Africana, analisamos o peso e papel da China no continente africano.