AFS - David Mendes: "A reconciliação é prejudicada pela falta de tolerância"

advogado David Mendes

Your browser doesn’t support HTML5

25 Abri 2014 AFS - David Mendes: "A reconciliação é prejudicada pela falta de tolerância"


A reconciliação nacional é afectada pela falta de tolerância das autoridades angolanas, disse aos microfones da Voz da América David Mendes, advogado e director de litigação da associação Mãos Livres.

Falando no programa “Angola Fala Só”, Mendes respondeu a uma vasta gama de questões apresentadas por ouvintes de todas as partes de Angola e que versaram assuntos relacionados com os direitos humanos, liberdade de expressão, a situação em Cabinda e nas Lundas entre outros temas.

David Mendes disse que ao não permitir a expansão de rádios privadas como a Rádio Eclésia e a Rádio Despertar, o Governo nega ser um regime democrático como diz ser.

“Ao não permitir a expansão está a impedir a liberdade de expressão”, defendeu David Mendes, para quem “não se pode falar de liberdade de expressão sem abrir o espaço à imprensa privada”.

O advogado disse que dentro do MPLA “não há tradição” democrática o que dificulta a aplicação da democracia em Angola.

“O MPLA tem que compreender que ao tornar-se democrático contribui para a democratização do próprio Estado” disse o activista conhecido por muitos como “o advogado dos pobres”.

Falando sobre o papel de Organizações Não Governamentais, Mendes afirmou que há que “distinguir a actividade cívica da actividade política”, lamentando o facto de algumas vezes não ser feita essa distinção.

A actividade política, explicou, tem como objectivo o poder político enquanto a actividade cívica tem por objectivo a protecção dos direitos dos cidadãos, não poder político.

Interrogado sobre a sua opinião quanto à unidade da oposição, David Mendes disse que não há “unidade de pensamento” entre a oposição onde existe “o desejo do poder” e por isso “há concorrência”.

Uma questão levantada por diversos ouvintes foi a situação dos antigos combatentes que Mendes descreveu de “uma situação muito séria”.

“O Estado angolano não leva a sério a questão dos antigos combatentes”, respondeu o advogado que recordou que a gravidade do caso se deve ao facto de em muitos países africanos ter sido a falta de atenção dada a antigos combatentes e soldados que levou a situações de violência.

Lundas: território empobrecido

Embora tenha criticado a falta de liberdade o convidado do Angola Fala Só deste 25 de Abril tornou claro opôr-se a acções violentas.

Eleições, manifestações e outras formas de pressão são métodos para se alcançar mudanças, defendeu.

Questionado sobre a situação política de Cabinda e das Lundas, Mendes afirmou defender o sistema de autonomia para essas regiões: "O Estado angolano mantém-se mas com regiões autónomas”.

“É uma ilusão falar-se de Angola como ´um só povo uma só nação ´,” adiantou, afirmando que as Lundas são um território empobrecido pela falta de “política de desenvolvimento”.

“Autonomia poderia colocar as Lundas numa plataforma diferente” comentou.

Clique aqui para ter acesso ao arquivo do programa