Mercados sul-africanos sofrem com eleição de Donald Trump

Notas de rand sul-africano

O Rand sul-africano continua a ser desvalorizado após a eleição de Donald Trump para administração da Casa Branca.

A eleição de Donald Trump, na passada terca feira para presidência dos Estados Unidos, provocou a queda do Rand em 3% para 13.5850 por dólar na manha de quarta feira, depois ter registado a maior queda desde 31 de Outubro.

Nesta quinta feira o Rand sofreu a maior queda de sempre, estando cotado na Bolsa de Valores de Joanesburgo 13.4601 contra o dólar

Segundo a SABC, quando Donald Trump assumiu a liderança nas contagens da eleição presidencial dos Estados Unidos, a moeda sul africana começou a cair da mesma forma como as moedas de mercados emergentes.

Num reportagem intitulada: " Bolsa de Valores de Joanesburgo para baixo mas parte do ouro brilha na vitória da eleição do Trump" o jornal electrónico da África do Sul, News24 diz que o valor do ouro subiu na bolsa para 12% no início do comércio na passada quarta-feira, alegando que os investidores fugiram para o ouro como um refúgio seguro para escapar da turbulência nos mercados mundiais causada pela eleição de Donald Trump.

Citado pelo jornal The Star , Razia Khan, economista-chefe da África no Standard Chartered Bank, disse que a questão agora é perceber o que significará a vitória Trump para o desempenho dos mercados da África Subsariana. A curto prazo, frisa, o rand é provável que seja mais afectado.

Ja o News24 diz que uma presidência de Donald Trump vai introduzir uma tarifa de importação adicional de 15% aplicada aos produtos sul-africanos que desembarcam nos EUA.

Numa analise assinada por Tinashe Chuchu da Escola de Ciências Económicas e Empresariais afirma-se que uma tarifa adicional de 15% quebraria um acordo de 100 anos sobre uma tarifa base de 20%, elevando essa tarifa de importação de bens sul-africanos para 35% tornando-os muito caros, o que vai desencorajar os sul africanos de fazer negócios. Trump pretende reavivar a queda da produção norte-americana aumentando a tarifa mais alta sobre as importações.

O especialista diz que ainda nem tudo é “desgraça” e “tristeza” para a África do Sul. À medida que o país encontra cada vez mais abertura em mercados alternativos para venda dos seus produtos, torna-se menos dependente dos mercados norte-americanos.

O presidente Jacob Zuma felicitou Donald Trump por vencer as eleições presidenciais nos EUA. Transmitindo seus melhores votos de sucesso para Trump, o presidente Zuma diz que espera trabalhar com ele para construir sobre as fortes relações que existem entre os dois países.

Em declarações à SABC em Addis Abeba, na Etiópia, o presidente Zuma disse que a África do Sul trabalhará em estreita colaboração com a nova administração dos Estados Unidos na promoção da paz e da segurança, particularmente na África.

Na quarta feira, os jornais sul africanos concertavam a atenção nas implicações económicas para África do Sul com a eleição de Trump. Mas nesta quinta feira a imprensa começa a questionar também sobre a implicacao de Trump para os programas de desenvolvimento, direitos humanos e democracia em África.

David J Hornsby, Professor de Relações Internacionais da Universidade de Witwatersrand,, num artigo intitulado "Por que a vitória de Trump é ruim para a África", escreve que assistência ao desenvolvimento dos EUA para África vai ser afectada com a eleição de Trump.

O analista sustenta a sua posição no teor dos discursos de Donald Trump durante a sua campanha, mais virados para dentro, para questões internas, podendo ser vistos no seu desejo de se concentrar em projectos de infraestrutura domésticas como um meio de fazer crescer a economia americana ao invés de usar acordos de cooperação internacional com outros estados, alguns dos quais não são do agrado do presidente-eleito dos Estados Unidos.

Segundo Hornsby, o capital financeiro americano é importante para o desenvolvimento africano. Em 2015 foram investidos 14 mil milhões de dólares em Africa. Ter menos investimento Americano em Africa não é uma boa notícia, independentemente de quanto alguns acreditam que a China possa preencher essa retirada de investimentos.

O analista recorda que ao contrário da administração Obama que acreditava e manteve um grau de responsabilidade na ajuda ao desenvolvimento doutros países, durante a campanha Trump não deu alguma indicação de que ele ou alguém dentro de seu círculo pense da mesma forma.

Apesar de tudo, imprensa sul africana também acredita os Estados Unidos tem instituições fortes e que nem sempre Donald Trump terá uma carta branca para fazer tudo que lhe apetecer.