Uma semana após o anúncio do WhatsApp sobre as suas novas políticas de privacidade, a controvérsia gerou-se, a confusão também e a oportunidade apanhou boleia de maus dias daquela aplicação de chat.
O Signal de Brian Acton, co-fundador do WhatsApp, que vendeu a app em 2014 ao Facebook, viu o seu número de downloads aumentar 62 vezes mais, em uma semana.
O Telegram, uma app que quando surgiu era muito popular no continente asiático, reportou mais de 500 milhões utilizadores activos em todo o mundo, a 13 de Janeiro.
No sentido contrário esteve o WhatsApp, que registou uma queda de 17% na última semana.
Mas afinal o que significam essas mudanças no WhatsApp, que parecem ter afastado muitos utilizadores?
Segundo a revista de tecnologia do jornal New York Times (NYT), as políticas de privacidade do WhatsApp mudaram apenas "cosmeticamente" e não no sentido em que o Facebook esteja a recolher mais dados dos seus utilizadores.
Na realidade, o Facebook já recolhe imensa informação sobre o que as pessoas fazem no WhatsApp.
A confusão resulta da pobre comunicação por parte do Facebook, da falta de confiança na empresa e nas fracas leis de protecção de dados dos EUA.
Desde 2016, quase toda a gente que usa o WhatsApp está a partilhar informação (sem saber) da sua actividade, com o Facebook, escreve o NYT.
O Facebook sabe os números de telefone, quantas vezes a app é aberta, a resolução do ecrã do telefone, a localização e muito mais.
Transformações no WhatsApp, transformações na vida do utilizador
No entanto, o Facebook não pode aceder ao conteúdo das mensagens de texto ou chamadas porque as comunicações pelo WhatsApp são codificadas.
Ainda segundo o NYT, o WhatsApp notificou os utilizadores sobre as suas regras de privacidade porque o Facebook está a tentar transformar o WhatsApp numa plataforma em que seja possível falar com uma companhia aérea sobre a perda de um vôo, ou procurar pelas malas ou fazer pagamentos.
As medidas do WhatsApp mudaram para reflectir a possibilidade de transacções comerciais envolvendo actividades transversais às diferentes aplicações. Por exemplo, a mala que procurava no WhatsApp poderia aparecer mais tarde na timeline do Instagram.
No final do dia, o utilizador tem apenas duas opções:
a) aceitar as políticas de privacidade que as empresas de tecnologia implementam e usar o serviço ou a app associada;
b) negar as políticas e não ter acesso ao serviço ou à app.
O melhor dos dois mundos seria poder decidir a quantidade ou tipo de informação que as empresas de tecnologia podem recolher, mas neste caso a faca e o queijo estão do lado de empresas como o Facebook e não há meio termo.
A partir de 8 de Fevereiro, o utilizador que não tiver aceite as novas políticas de privacidade do WhatsApp vão deixar de ter acesso à aplicação.