Advogados de antigo PM guineense acusam magistrado de forjar despacho e ameaçam com queixa-crime

Aristides Gomes, antigo primeiro-ministro da Guiné-Bissau

Defensa de Aristides Gomes aponta o dedo também ao Procurador-Geral da República

Os advogados do antigo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, acusaram o magistrado do Ministério Público, Juscelino Pereira, de forjar o despacho que supostamente aplicava como medida de coação a obrigatoriedade dele permanecer no país.

Em conferência de imprensa, nesta sexta-feira, 16, Luiz Vaz Martins, em nome do colectivo de advogados, responsabiliza também o Procurador-Geral da República, Fernando Gomes.

"O senhor Procurador Geral da República, à semelhança do magistrado Juscelino Pereira, que forjou o despacho e assinatura, também é passível de responsabilização pela prática de crime de prevaricação, falsificação de documento e usurpação de competência”, acusou Martins, que anunciou uma queixa crime porque é “o Estado que está em causa”.

“Vamos avançar com este processo porque achamos que neste processo as evidências são do conhecimento público e considerando a sua gravidade fomos aconselhados pelo nosso cliente no sentido de avançar na próxima semana com uma queixa-crime”, prometeu o advogado.

A VOA contactou o magistrado acusado, mas Juscelino Pereira disse que vai aguardar pela autorização do Conselho Superior da Magistratura para se proncunciar.

Ontem, o presidente do Tribunal da Relação, Tijane Djaló, disse que não existe qualquer processo contra o antigo Chefe do Governo.

Recorde-se que a 19 de agosto, o Procurador Geral da República, Fernando Gomes, afirmara que Aristides Gomes está indiciado de vários crimes.

"Sim, confirmo que Aristides Gomes está indiciado em vários crimes, que oportunamente vamos revelar à imprensa. O nosso convite ao senhor Aristides Gomes para ser ouvido no Ministério Público não deve ser entendido como uma perseguição política ou perigo", afirmou o PGR na ocasião.

Aristides Gomes continua refugiado nas instalações da ONU em Bissau, enquanto os seus advogados pedem a intervenção da comunidade internacional para que elepossa deslocar-se ao estrangeiro para tratamento médico.