“Qual é o perigo que o Presidente general Úmaro Sissoco Embaló representa para uma certa corrente da CEDEAO, uma corrente da União Europeia, uma corrente das Nações Unidas, uma corrente da União Africana”, pergunta Nélson Moreira, deputado do MADEM-G15 e advogado de Embaló.
Em entrevista à VOA, Moreira defende a legalidade da investidura de Úmaro Sissoco Embaló que “participou no processo eleitoral organizado pela CNE, ganhou as eleições, na segunda volta do dia 29 de Dezembro, foi empossado pela esmagadora maioria da Assembleia Nacional Popular”.
O deputado quer que “essa corrente” diga "por que quem apresentou um programa e em quem “os guineenses se reveem não pode assumir a Presidência?”
Questionado sobre a maioria que diz ter empossado Embaló no dia 27 de Fevereiro, Nélson Moreira garante que “52 deputados (de 101) estavam presentes no hotel Azalai entre eles muitos apoiantes” de Domingos Simões Pereira.
Maioria de deputados na investidura
“Fui eu o responsável pelo controlo da presença dos deputados”, assegura Moreia que prefere não revelar nomes, enquanto, continua, “naquela palhaçaria de investidura de Cipriano Cassamá como Presidente interino estavam apenas membros do Governo” que preencheram os assentos.
Por isso, com a maioria, o advogado de Embaló reiterou que “o poder é legal” porque quem dá posse, à luz da legislação da Guiné-Bissau, é a Assembleia Nacional Popular e não o presidente.
“A investidura é feita na presença dos deputados da Asembleia Nacional Popular e acontece quando o Presidente cessante cede a faixa presidencial”, sublinha Moreia que justifica a convocatória da sessão pelo vice-presidente do Parlamento, Nuno Gomes Nabian, em virtude de, segundo Moreira, o presidente Cassamá não convocar sessões desde Outubro,
Na entrevista que faz parte da Agenda Africana, da VOA, desta quarta-feira, 11, Nélson Moreira diz ter pronta a defesa da candidatura de Úmaro Sissoco Embaló no último recurso apresentado por Domingos Simões Pereira, logo que o Supremo Tribunal de Justiça, que está bloqueado por militares, voltar às suas funções.
O advogado lembra, no entanto, que o recurso pendente exige a anulação das eleições.
Moreira também justifica a presença dos militares “como forma de evitar a devassa na transição”, como acontece sempre na Guiné-Bissau e, embora diga não a defender, acredita que “era necessária”.
Tony Tcheka fala em traição e situação calamitosa
Entretanto, também em entrevista à VOA em Portugal, e questionado por uma leitura sobre a situação do país, o escritor e analista político António Soares Lopes (Tony Tcheka) diz que um ano depois da realização das últimas eleições legislativas, pode-se admitir que há uma frustração do povo guineense, face a expectativa que o animava.
“Traição” é a palavra usada para descrever o sentimento dos guineenses mediante o presente panorama político.
Quanto ao futuro, Tony Tcheka considera que o país, cujos eleitores optarem por uma “mudança de comandante”, por agora, está numa situação calamitosa.
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