O correspondente da VOA em Luanda Coque Mukuta foi impedido nesta quinta-feira de entrar na sala reservada aos jornalistas que acompanham o julgamento dos 17 activistas acusados dos crimes de rebelião e actos preparatórios de golpe de Estado.
Mukuta foi informado por um oficial que necessita de uma credencial internacional emitida pelo CIAM.
Your browser doesn’t support HTML5
No nono dia do julgamento, o réu Mbanza Hamza foi o primeiro dos 17 activistas a admitir que o Presidente José Eduardo dos Santos é um ditador.
A pergunta "quem é o ditador?" foi feita pelo juiz Januário Domingos José aos anteriores réus que optaram pelo silêncio, mas Hamza hoje admitiu que Santos é um ditador.
Antes de Hamza, durante o interrogatório de Nuno Álvaro Dala, foi apresentado um vídeo, mais uma vez sob protestos da defesa por a polícia não ter tido nenhum mandado judicial para gravar as reuniões privadas dos activistas.
No vídeo, segundo a procuradora Isabel Fançony, Domingos da Cruz fala de um suposto plano para disseminar o plano de destituição do Presidente da Republica e do Governo angolano.
A procuradora quis saber se Dala participou ou não do encontro naquele dia, tendo o réu optado não responder.
Fançony mencionou na audiência uma carta que supostamente foi escrita por Nuno Alvaro Dala, enviada da cadeia de Calomboloca ao réu Luaty Beirão, na qual, segundo a procuradora, o interrogado mostra o seu descontentamento pelo facto de Domingos da Cruz ter sido detido na fronteira entre a Namibia e Angola.
Questionando se a carta é da sua autoria, Dala respondeu positivamente, mas negou dizer se estava ou não arrependido com o comportamento de Domingos da Cruz.
Em resposta às perguntas da defesa Nuno Álvaro Dala disse que nunca pensou em golpe de Estado nem escreveu qualquer texto sobre essa possibilidade
No segundo período do dia, começou o interrogatório de Mbanza Hamza, de quem a acusação quer saber, também, quais os objectivos do suposto curso.
O julgamento entra amanhã no seu décimo dia.