Prelados e um sociólogo criticaram os eventos de “solidariedade” realizados durante a quadra natalícia onde várias instituições publicas e privadas recebem por algumas horas pessoas desfavorecidas, sobretudo crianças, para com elas conviverem, terem um prato de comida e em alguns casos as crianças recebem presentes.
Fim da festa, estas crianças são devolvidas ao seus locais habituais e voltam a situação de carência, durante mais um ano,
Para o padre da igreja católica e membro da CEAST Celestino Epalanga estes eventos não deviam ser chamados de solidariade porque nada têm digno deste nome.
O pároco entende que é até humilhante o que estas pessoas convocadas
passam para participarem apenas na “cultura do aparecer, por alguns segundos”.
“Até certo ponto isto pode representar uma humilhação, hipocrisia mesmo porque mais do que uma refeição naquele dia,um brinquedo nas mãos da criança, ela precisa de dignidade que pode ser direito a uma educação de qualidade, direito a comida todos os dias, quando estiver doente ter assistência médica e medicamentosa” acrescentou Epalanga para quem as crianças “não precisam de todos os anos quando chega Dezembro serem convocadas, para esse convívio de 24 horas".
O pastor Ntony Nzinga diz também ue estes supostos actos de solidariade não resolvem o problema.
"Essas ofertas de comida, brinquedos nestes actos não resolvem o problema”, disse acrescentando que “o que se deve fazer é encontrar soluções para se evitar que haja muitas crianças desfavorecidas”.
“Nós precisamos definir o que pretendemos de facto para Angola", disse Nzinga antigo coordenador do Comité Intereclesial para Paz em Angola para quem “o verdadeiro espirito de Natal foi subvertido”.
, “Por muito tempo o Natal foi transformado por uns para ganhar mais dinheiro, para outros de impressionar o mundo, mostrando que algo estão a fazer de bom, uma pessoa que recebe um presente hoje e depois durante um ano inteiro já não tem nada e não conta com nada isto não deve ser chamado de solidariedade, porque a verdadeira solidariedade é a que Cristo mostrou, Ele preferiu dar a sua vida pelos erros de outros", acescentou.
Na vertente sociológica, o académico João Sassando diz que "comer arroz e nadar na piscina do palácio presidencial não vai acabar com o problema desta criança que é vitima do próprio governo”.
“O governo precisa criar políticas publicas para evitar que haja muitas pessoas desfavorecidas, para serem convidadas no Natal para comer arroz, receber um brinquedo, isto não resolve o problema”, acrescentou.
Para o sociólogo estes eventos enquadram-se mais na propaganda.
"Tratam-se de show off, propaganda isto é próprio de governos como o nosso, confundir governação com propaganda", disse.
A presidência da república em nome da primeira dama da república mesmo nos mandatos anteriores sempre organizou por esta altura um acto de confraternização com crianças desfavorecidas a que convencionou chamar Natal solidário.