Os promotores da manifestação do sábado, 24, em Luanda, que foi reprimida pela Polícia Nacional (PN), responsabilizam o Presidente João Lourenço pelas detenções de mais de 100 pessoas que ainda continuam a ser julgadas, bem como pela morte de duas pessoas.
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Dos confrontos resultaram 50 ficaram feridas e cerca de 387 encontram-se desaparecidas.
Os activistas anunciaram mais uma manifestação para o dia 11 de novembro, em que se assinala mais um aniversário da Independência Nacional.
“Responsabilizamos o Presidente João Lourenço pelas detenções e o desaparecimento de activistas na manifestação do último sábado”, disse José Gomes Hata, acrescentando que“não vamos desistir de exigir a soltura dos nossos compatriotas”.
Em jeito de balanço da manifestação, Hata, em nome dos organizadores, confirmou a morte do dois cidadãos, Marcelina Joaquim e outro conhecido por “Mamã África”.
Durante a manifestação, mais de “50 cidadãos foram brutalmente agredidos e feridos, entre os quais os ativistas Geraldo Dala e Dito Dalí, "que foi selvaticamente espancado e perdeu os sentidos".
Para Hata o julgamento sumário a que estão ser submetidas as pessoas, “é ilegal e arbitrária” porque “estavam a exercer o direito constitucionalmente consagrado de reunião e manifestação”.
"As detenções dos mesmos não só pressupõem um desrespeito pelos direitos e liberdades fundamentais como também um autêntico desrespeito pelo Estado de Direito e democrático por parte das autoridades angolanas", refere o relatório, apresentado em Luanda, nesta quarta-feira, 28, que "exige a libertação imediata e incondicional de todos os cidadãos
Por seu lado, o activista Dito Dali acusou o Presidente de ser “totalmente arrogante, que não está aberto para o diálogo com a sociedade" e desafiou João Lourenço a “conversar com aquelas pessoas que têm estado a reivindicar ao longo dos últimos anos”, porque o Conselho Nacional da Juventude, que ele recebeu na terça-feira, “não representa a maioria dos angolanos”,
Para Dali as autoridades têm de “entender que o país tem leis, e devem respeitá-las, e os cidadãos têm o direito à manifestação, assegurada pela Constituição".
Os promotores da manifestação foram recebidos hoje uma delegação dos bispos católicos.
Entretanto, no Tribunal Provincial Dona Joaquina, continua o julgamento sumário a um ritmo muito lento.