Activistas angolanos querem saber se o antigo vice-Presidente Manuel Vicente, que enfrenta um processo judicial por alegada tentativa de corrupção, é português ou não.
Em carta enviada ao primeiro-ministro português, António Costa, que inicia nesta segunda-feira, 17, uma visita a Angola, ao governador do Banco de Portugal e ao director da Polícia Judiciária de Portugal, 16 activistas querem que Costa indique qual a instituição portuguesa que pode indicar se Vicente é cidadão português.
“Desde logo, pela decisão de transferir para Angola o processo em que o senhor Manuel Domingos Vicente vem acusado e pelo facto de a Constituição proibir o exercício da presidência e vice-presidência da República de Angola, a cidadãos e cidadãs que tenham adquirido outras nacionalidades", dizem os subscritores da carta, entre eles Luaty Beirão, Osvaldo Caholo e Hitler Chissonde .
Eles justificam a pedido com o interesse público e com "o facto de ser do domínio público em Portugal que pessoas angolanas politicamente expostas têm investido em Portugal em várias áreas da economia com inteira liberdade e impunidade".
Os subscritores da carta não avançam mais detalhes.
Costa e o futuro
Entretanto, em Luanda, depois de visitar o Museu Nacional de História Militar, o primeiro-ministro português fez um paralelo entre o local e as relações entre Angola e Portugal, que passaram por turbulências nos últimos quatro anos.
"Pode significar que o passado ficou no museu e que agora compete-nos construir o futuro, e é nesse futuro das relações entre Portugal e Angola que temos de estar focados”, disse António Costa aos jornalistas, realçando que “esta visita é um momento muito importante" porque conjuga-se com a visita de Estado que João Lourenço efectuará a Portugal em Novembro".
Durante a visita de dois dias a Luanda, Costa encontra-se amanhã com o Lourenço e outros dirigentes angolanos, bem como empresários e a comunidade portuguesa.
Os dois governos vão assinar o Acordo de Cooperação Estratégica que, segundo o chefe de Governo português é “um sinal de confiança para o aprofundamento das nossas relações económicas".