Na província angolana de Cabinda, líderes de movimentos independentistas denunciam perseguições e agravamento das condições sociais
e económicas dos Cabindas e associações locais preparam uma mega-manifestação em 2023, enquanto a nova governadora mantém-se em silêncio sobre o assunto.
Os líderes das associações cívicas e de direitos humanos locais entendem que a situação económica e social e de respeito aos direitos e liberdades dos cabindas agrava-se dia após dia.
Os vários movimentos cívicos dizem que desde a chegada da nova inquilina do palácio do Governo Mara Quiosa não se verificam indícios de melhorias.
O advogado e presidente do Movimento de Reunificação do Povo de Cabinda, para sua Soberania, Arão Tempo, diz que os serviços de segurança do Estado têm o perseguido dia e noite.
"O sistema político do MPLA pôs na cabeça que eu sou o mentor de todas as manifestações que ocorrem aqui em Cabinda, mandam pessoas à minha casa, agentes da segurança simulam procurar cerveja para filmarem a minha casa,
apanhei um deles e ao levá-lo à investigação criminal, lá me disseram que não vale a pena que "este gajo é bufo", conta Tempo.
Em concertação com outros movimentos cívicos de Cabinda, aquele advogado e activista indica que "vai acontecer uma corrente de manifestações em Cabinda porque a situação social dos cidadãos se agrava dia
após dia, Cabinda é um caso particular".
"Dou-lhe um exemplo, no Mayombe há exploração de ouro e todas as águas estão poluídas, a população bebe água imprópria e ninguém pode falar", conclui Arão Tempo.
Outra associação que diz sim à manifestação para o início do ano de 2023 em Cabinda é a Associação do Desencolvimento Cultura e Direitos Humanos de Cabinda.
Alexandre Kwanga, seu coordenador, diz que "só nos resta sairmos todos à rua, e isto está para breve, para resgatarmos a nossa cidadania porque aqui
em Cabinda existe apenas cidadãos presos de Angola, não temos nenhum espaço para exercer a cidadania, vamos reivindicar estacidadania angolana se é que nos consideram angolanos, vamos discutir isso".
Kwanga diz não entender o papel da nova governadora porque "desde que aqui está nunca se dignou chamar a sociedade civil para conversar".
A VOA tentou ouvir a governadora de Cabinda Mara Quiosa mas sem sucesso.