Activistas e políticos angolanos dizem que não se pode dissociar corruptos do MPLA

João Lourenço, Palácio Presidencial. Luanda, 17 fevereiro 2020

João Lourenço congratula-se com combate à corrupção

Analistas e políticos angolanos consideram ser impossível dissociar o MPLA dos membros corruptos do partido no poder, conforme sugestão do seu presidente João Lourenço feita no sábado, 12, em Luanda.

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Não se pode dissociar MPLA da corrupção - 3:19

Para o reverendo Elias Isaac, foi o partido no poder em Angola que permitiu que os seus membros se tornassem corruptos.

“A corrupção e a gatunice saíram de dentro do MPLA”, defendeu aquele activista social, enquanto o deputado pela CASA-CE Manuel Fernandes diz que o Presidente João Lourenço não pode apontar os outros membros do MPLA de terem cometido actos de corrupção porque ele próprio ocupou cargos de relevo durante o consulado de José Eduardo dos Santos e “sabia o que se estava a passar”.

Por seu lado, no entender do académico João Lukombo Nzatuzola, a corrupção não é um fenómeno novo em Angola, tendo já sido reconhecido pelo antigo Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.

Lukombo diz que o que falta é a coragem do partido governante para “cortar o mal pela raíz”.

Lourenço reitera combate à corrupção

Durante uma reunião da cúpula do MPLA, o Presidente João Lourenço disse que o país tinha agora “uma melhor apreciação da gravidade” da corrupção e que o seu partido “não tem de que se envergonhar” na luta contra este fenómeno.

Contudo, reconheceu que, 18 anos depois do fim do conflito armado em Angola, desenvolveu-se “um outro constrangimento tão prejudicial para o país quanto a guerra, que tomou de assalto os cofres do Estado” e parte relevante da economia: a corrupção.

“O mérito do MPLA consiste no facto de, enquanto partido governante, ter orientado o Executivo a encetar esta cruzada de luta contra a corrupção, mesmo sabendo do presumível envolvimento de militantes e dirigentes seus nos mais diferentes escalões da hierarquia partidária”, admitiu Lourenço, aplaudindo a coragem das “vozes discordantes da sociedade civil”, que condenam este problema há vários anos.