Activistas cívicos em Cabinda exigem que o candidato do MPLA a Presidente da República se retrate publicamente, depois de ter dito no passado fim-de-semana que “a descontinuidade geográfica de Cabinda não era um problema dele".
A este facto, activistas e políticos lembram que, em 2012, João Lourenço afirmara que “construir um porto e um aeroporto internacional em Cabinda seria o mesmo que atribuir independência aos cabindas".
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O coordenador da Associação Cívica e Cultural de Cabinda considera que pronunciamentos anteriores feitos por Lourenço nunca foram esquecidos pelos cabindas.
"O pecado de João Lourenço foi ter dito que fazer o porto de águas profundas e um aeroporto internacional em Cabinda seria dar independência ao povo de Cabinda, por isso ele devia pedir desculpas e nós activistas apelamos a João Lourenço que vá a imprensa e peca desculpas aos cabindas", sublinhou Alexandre Cuanga.
Para o advogado e activista dos direitos humanos de Cabinda Arão Tempo o candidato do MPLA manchou ainda mais a sua folha de serviço perante os cabindas ao se referir à descontinuidade geográfica de Cabinda.
Para Tempo, Lourenço é “um dos responsáveis pelo não desenvolvimento de Cabinda quando negou a construção do porto e do aeroporto internacional de Cabinda e ao dizer agora que a descontinuidade geográfica de Cabinda não era problema dele”.
Por isso, o activista diz que “refutar todo e qualquer pronunciamento deste senhor até o seu MPLA apresentar um relatório do que fez em 40 anos em Cabinda".
Campanha
Quem também se pronunciou sobre a visita de Lourenço a Cabinda foi o representante da UNITA, Estevão Neto, que denunciou “actos ilegais” praticados pelo partido no poder.
“O MPLA obrigou alguns alunos e professores, elementos das FAA e da polícia a comparecerem vestidos a civil ao comício de João Lourenço, inclusive recebi no meu gabinete alguns pastores e professores a reclamar esta atitude a que foram obrigados só para protegerem os seus empregos", revela Neto.
Ao apresentar-se ao eleitorado, o cabeça-de-lista do MPLA disse que apesar das dificuldades financeiras, o Executivo está a investir na reabilitação do Aeroporto de Cabinda, nas infra-estruturas integradas, no Porto de Águas Profundas e, na medida do possível, na recuperação das vias que ligam os quatro municípios da província.
João Lourenço augurou que a indústria petrolífera da província não seja o único, nem o principal empregador em Cabinda, e defendeu que outros sectores economia assumam o lugar que a indústria petrolífera ocupa na criação de postos de trabalho.