Líderes de associações cívicas e defensores dos direitos humanos na província angolana de Cabinda exigem uma inspecção às obras de reabilitação de infraestruturas públicas e como foram foram aplicados os fundos do Orçamento Geral do Estado (OGE) nos últimos anos.
A posição do coordenador da Associação Cultural e de Desenvolvimento e dos Direitos Humanos de Cabinda( ADCDH), Alexandre Kuanga, e do líder do Movimento da Reunificação do Povo de Cabinda para a sua Soberania, Arão Tempo, foi tomada em reacção às declarações da antiga governadora provincial, Aldina da Lomba Katembo, que afirmou ter constatado que, no OGE 2020, existem projectos para serem executados que já tinham sido concluídos, na governação dela.
Em declarações feitas durante a sessão parlamentar, que discute o OGE, a agora deputada pelo círculo provincial de Cabinda revelou que 15 obras estão nesse rol.
Aldina da Lomba Katembo, que governou Cabinda entre 2013 e 2017, destacou como obras já executadas, a reabilitação da sala de conferências do Centro de Simulambuco, do edifício geral da Identificação Civil de Cabinda, da delegação Provincial da Justiça e dos Direitos Humanos , da Loja de Registos de Cabinda, do Campo de futebol da Faculdade de Medicina de Cabinda, entre outros.
Alexandre Kuanga considera que as declarações de Katembo sugerem uma comissão de inquérito da Inspecção Geral do Estado para aferir se tais obras foram ou não concluídas e se persistem os desvios dos fundos públicos alocados à província.
“É necessário um inquérito porque isso pode significar que os crimes de peculato e de corrupção continuam”, defendeu.
Quem não acredita nas declarações da antiga governante é o activista e advogado Arão Tempo que afirma que os projectos que Dalomba diz ter concluído “não existem”.
“Nenhuma obra foi realizada por Matilde da Lomba em Cabinda”, afirmou.